Messias Pontes – Um conterrâneo que nos orgulha

Por iniciativa da vereadora Eliana Gomes (PCdoB), a Câmara Municipal de Fortaleza fez justiça ao conceder o título de cidadão fortalezense ao engenheiro Carlos Augusto Diógenes Pinheiro, carinhosamente chamado pelos amigos de Patinhas desde os tempos de e

Vindo do município cearense de Jaguaribe estudar em Fortaleza há exatos 50 anos, Patinhas, que já era de fato pela sua atuação depois que aqui chegou, agora é fortalezense de direito. A solenidade de entrega do título de cidadania será amanhã, às 19h 30min, no plenário Fausto Aguiar de Arruda, do Legislativo municipal que, certamente  será pequeno para receber seus familiares e tantos amigos e admiradores que conquistou com o seu jeito de ser.



Desses 50 anos, Patinhas foi obrigado a passar dez na mais rigorosa clandestinidade, passando por vários estados como Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Bahia, onde viveu a maior parte desse tempo no interior do estado. Isto para não ser preso, torturado e até morto pelos militares golpistas que, a soldo das oligarquias brasileiras e do imperialismo norte-americano, depuseram o presidente constitucionalmente eleito, João Goulart, no dia da mentira, 1º de abril de 1964.



Foi no interior baiano que Patinhas conheceu sua companheira Noélia, valorosa militante do  Partido Comunista do Brasil. Com a conquista da anistia política no final de agosto de 1979, Patinhas regressa a Fortaleza com sua companheira e se integra à direção estadual do PCdoB, do qual é presidente há 17 anos, sempre reconduzido por unanimidade. Também é membro do Comitê Central do Partido e da sua Comissão Política.



Sob sua direção, o PCdoB manteve sua unidade de ação, respeitando a diversidade de pensamento, o que levou o Partido a ter um crescimento vertiginoso em nosso estado. Nas eleições municipais do ano passado, o PCdoB foi o partido que, proporcionalmente, mais cresceu no Ceará, passando de um para cinco prefeitos eleitos, além de vários vice-prefeitos e dezenas de vereadores.



Foi sob sua coordenação que o Partido reconquistou a vaga no Senado da República perdida no final da década de 1940, quando foi cassado o mandato de Luis Carlos Prestes. Essa cadeira é hoje ocupada com muita dignidade e competência por Inácio Arruda, grande liderança política de nosso estado, com passagem pela Câmara Municipal de Fortaleza, Assembléia Legislativa do Estado do Ceará e Câmara dos Deputados onde cumpriu três mandatos.



Foi na sua querida Fortaleza, agora mais sua do que nunca, que Patinhas pode concretizar um dos seus grandes sonhos, que era o de ter com Noélia os três filhos que tem: Carlos Ângelo, hoje com 27 anos, engenheiro; João Maurício, 26 anos, médico; e Daniel Diógenes, 20 anos, estudante de Direito. Como todo bom comunista, Patinhas quis perpetuar a memória de heróis brasileiros, dirigentes do PCdoB perseguidos e mortos pelos militares fascistas, dando o nome de alguns deles aos seus filhos.



Com o primeiro filho, Patinhas homenageou Carlos Danielli, barbaramente torturado até a morte, e Ângelo Arroio, covardemente assassinado, sem defesa, num aparelho do Partido no bairro da Lapa, em São Paulo, no episódio que ficou conhecido como Chacina da Lapa; com o segundo filho ele homenageou João Amazonas, o grande timoneiro do Partido a partir da reorganização em 1962 e seu presidente até o 10º Congresso, em 2002, e Maurício Grabois, este covardemente assassinado na chacina da Lapa; com o terceiro filho, o mais novo ilustre fortalezense homenageou Daniel, bravo guerrilheiro do Araguaia, e Diógenes Arruda, membro do Comitê Central do Partido, cujo coração não resistiu à emoção de retornar à sua amada Pátria depois de anos de exílio.



Patinhas é uma figura muito querida e respeitada em Fortaleza, principalmente pelos seus camaradas de Partido, tendo ampla penetração em todos os segmentos da sociedade que têm compromissos com a democracia. Até mesmo seus adversários políticos o respeitam, pois reconhecem o seu valor. Homem de Partido e de palavra, ele é sempre consultado por outras forças políticas, com quem tem participado de memoráveis lutas políticas e embates eleitorais nos últimos anos.



Sempre buscando a unidade, Patinhas participou ativamente da campanha das Diretas-Já, da eleição de Tancredo Neves que levou à implosão do famigerado Colégio Eleitoral,  do Fora Collor, das campanhas presidenciais do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, e contra o neoliberalismo collorido e tucano-pefelista tendo à frente Fernando Henrique Cardoso, o Coisa Ruim, que quebrou o Brasil três vezes e praticamente desmontou o Estado brasileiro.



Aos camaradas como eu, que às vezes se impacientam com a desonestidade de certos aliados, Patinhas tem dado lições que nos levam à reflexão e à compreensão de que política não se faz em linha reta. Quando queremos bater em aliados desleais, Patinhas diz com muita ênfase e sabedoria: “camaradas, política não se faz com o fígado”.  Este é o Patinhas que agora é fortalezense de direito.



Muito bem-vindo, conterrâneo. Nós, fortalezenses, nos orgulhamos de você!



Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE