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Movimentos sociais se opõem à capitalização do BID

Diversos movimentos sociais da América Latina e Caribe se manifestaram, ontem, em oposição à capitalização do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A iniciativa foi proposta pelo presidente desse organismo financeiro multilateral, Luís Al

Na assembleia, o ponto central das discussões foi a solicitação de recursos líquidos, feita pelos diretores do BID, da ordem de 180 bilhões de dólares. Contudo, as cerca de 85 organizações que assinaram a “Declaração Final de Medellín: 50 anos do BID – Nada a festejar!” rechaçaram essa capitalização, depois de considerar que perpetuaria o modelo de desigualdade que impera na região.

“Seguramente, essa capitalização será para repetir os mesmos erros: financiar megaprojetos que geram altos impactos negativos ao meio ambiente e às populações mais vulneráveis, ampliando assim a concentração de capitais entre uns poucos e a brecha de desigualdade nesses países”, declarou Laura Carlsen, integrante da Aliança Nacional de Comunidades Latino-americanas e Caribenhas (Nalacc).

Essa postura crítica e contrária aos interesses do Banco foi um consenso alcançado durante cinco dias de deliberações na Assembleia dos Povos, evento que foi realizado em Medellín, como alternativa à cúpula oficial de governadores do organismo multilateral, e que se encerrou no último domingo (29).

Igual à máxima cúpula do BID, a Assembleia dos Povos convocou importantes acadêmicos, ativistas em direitos humanos e representantes da sociedade civil da América latina e do Caribe, que debateram sobre o fracasso do modelo econômico e de desenvolvimento atual, a crise do setor financeiro e o aumento da pobreza e da desigualdade no hemisfério; “aspectos em que o BID tem tido uma grande responsabilidade”, segundo consideraram em sua declaração final.

Além de questionar o modelo de desenvolvimento que o organismo multilateral tem financiado, baseado na premissa de que um crescimento econômico sustentável pode gerar riqueza em todos os níveis da população, os movimentos sociais fizeram um chamado para que o Banco faça uma prestação de contas pelas violações aos direitos humanos cometidas contra os povos latino-americanos com seus empréstimos e em nome do progresso.

“É claro que o BID tem uma dívida política e social sobre a qual tem que dar explicações, pois seus empréstimos, em muitos casos, serviram para sustentar governos ilegítimos, opressores e violadores de direitos humanos no continente. Eles (o Banco) nunca deixaram de cobrar apesar da realidade política de seus devedores; então, a pergunta é: estão interessados em gerar desenvolvimento?”, comentou Jana Silverman, integrante da organização Social Watch, presente no evento.

Fonte: Agência IPC