Bolívia: governistas ameaçam renúncia coletiva
Os parlamentares do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido do presidente boliviano, Evo Morales, ameaçaram, nesta segunda-feira, fazer uma renúncia coletiva se a oposição bloquear, nesta terça-feira, uma lei necessária para que ocorram as eleições gerais
Publicado 06/04/2009 17:35
O chefe dos deputados do MAS, César Navarro, confirmou hoje que a renúncia coletiva é uma proposta discutida entre os parlamentares governistas, mas que ainda não foi aprovada.
“O Congresso deu grandes passos históricos e, neste momento, não pode ficar refém de uma minoria política que está no Senado”, disse Navarro ao justificar uma possível renúncia coletiva.
A saída dos parlamentares do MAS, maioria no Congresso, geraria uma paralisia do órgão e permitiria que Morales convocasse o pleito por decreto, anteciparam hoje legisladores governistas e opositores.
Nesta terça-feira termina o prazo de 60 dias estabelecido pela nova Constituição da Bolívia, promulgada em 7 de fevereiro, para aprovar um regime eleitoral e convocar pleitos gerais.
Amanhã serão debatidas as divergências que opõem o Governo, que tem maioria na Câmara dos Deputados, e a oposição, que controla o Senado, em relação à nova lei.
A oposição rejeita o projeto de lei governista porque acredita que beneficia uma possível reeleição de Morales, ao reservar 14 cadeiras de um total de 127 para grupos indígenas (coletivo que apoia majoritariamente o presidente) em detrimento de representantes de áreas urbanas.
Outra das principais críticas diz respeito à novidade do voto dos emigrantes bolivianos, com um sistema que, de acordo com a oposição, não oferece garantias nem transparência.
Além disso, os opositores também querem um novo censo eleitoral, porque creem que o atual contém irregularidades que favoreceram amplas vitórias do governante no referendo sobre mandatos de agosto e na consulta para ratificar a nova Constituição, realizada em janeiro.