Ex-premiê quer relação Irã-EUA desvinculada do tema nuclear
As relações entre Irã e Estados Unidos não devem estar condicionadas ao programa nuclear iraniano, afirmou, nesta segunda-feira, o ex-primeiro-ministro e candidato à presidência do país, Mir Hussein Moussavi.
Publicado 06/04/2009 17:22
Ele defendeu a retomada das relações diplomáticas com os Estados Unidos, mas nunca ''a custo de renunciar aos direitos da nação iraniana''.
''Não devemos dar um passo para trás em nossos direitos'', disse o político moderado. Segundo ele, a energia nuclear é uma aspiração histórica que remonta aos tempos do último xá da Pérsia. Ele lembrou ainda que seu país é ''signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear''.
Neste sentido, Moussavi comparou a disputa nuclear com a luta que o Irã travou na década de 1950 para nacionalizar a indústria petrolífera, então nas mãos de companhias britânicas.
A nacionalização custou o Governo do então presidente do país, Mohamad Mossadegh, deposto em 1953 em um golpe de Estado violento instigado pelos serviços secretos britânicos e executado pela CIA (agência central de inteligência americana).
Moussavi destacou que a solução passa por estudar a forma de utilização civil da energia, à qual o Irã teria direito, e o uso militar, ao que, em sua opinião, o regime iraniano se opõe.
''É preciso desvincular a questão do uso militar do fato que temos o direito de ter energia nuclear (para uso civil). Se conseguirmos isto, recuperaremos a confiança. Mas, caso estas duas questões continuem caminhando juntas, não haverá forma de resolver isso'', afirmou.
Neste sentido, destacou que o programa iraniano ''não representa um problema para a paz mundial'', e ressaltou que se os Estados Unidos persistirem em sua acusação, ''não será possível chegar a uma solução''.
O ex-primeiro-ministro manteve a linha oficial em relação à mensagem de aproximação enviada pelo presidente americano, Barack Obama, e expressou cautela.
''O vocabulário é diferente, mas devemos esperar para ver se as ações correm na mesma linha. Se é assim, negociaremos, se não, não faremos isso'', destacou.
Israel
Também nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores iraniano, Hassan Qashqavi, minimizou as ameaças do novo governo israelense de que poderia lançar um ataque preventivo contra o Irã, que classificou de ''pura retórica''.
''As ameaças israelenses não são nada novo. Sempre lhes reafirmamos que a República Islâmica está atenta contra qualquer ameaça a seu território'', disse em sua entrevista coletiva semanal.
Na opinião de Qashqavi, as advertências lançadas pelo novo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fazem parte ''da retórica para manter a guerra psicológica''.
O ataque preventivo contra o Irã, segundo Netanyahu, poderia ser feito inclusive sem a colaboração dos Estados Unidos, se a comunidade internacional não frear o programa nuclear iraniano.Tanto as autoridades israelenses quanto os Estados Unidos e a União Europeia acusam o Irã de ocultar um programa nuclear paralelo para a aquisição de um arsenal de armas nucleares.