O tradicional feijão com arroz está chegando mais barato à mesa
Eles estão presentes, diariamente, no prato de quase todos os brasileiros. Não bastasse a preferência nacional, agora há um motivo a mais para que o feijão e o arroz tenham garantidos o seu lugar cativo à mesa: o preço mais baixo.
Publicado 06/04/2009 15:11
Depois de ser vendido por mais de R$ 8, ao longo de 2008, o feijão vem registrando grandes quedas no preço, e já chega a ser comercializado por menos de R$ 2 o quilo. A tendência é de que o preço seja mantido ou caia ainda mais. Como arroz, que também apresentou elevação de preços no ano passado — mas não tão impactante quanto o do seu par tradicional —, não acontece diferente.
Para o economista da Fundação Getúlio Vargas que estuda o Índice de Preço ao Consumidor (IPC), André Braz, tudo leva a crer que os dois produtos continuem em queda. “Tanto o feijão quanto o arroz apontaram redução nos preços e foram destaques no IPC para a baixa renda. Com a economia desaquecida, há possibilidade de o dueto ficar ainda mais barato”, avalia. Ele diz que, como o feijão havia subido muito, agora está devolvendo parte do aumento acumulado no período de oferta restrita.
A queda nos preços não só tem feito a alegria dos consumidores como também causou surpresa. “Caiu até mais do que esperávamos. Quando chegou a R$ 8, a gente começou a orientar as donas de casa que deixassem de comprar e substituíssem por outros produtos ou que reduzissem o consumo. É o comportamento do consumidor que regula o mercado”, informou a presidente do Movimento das Donas de Casa, Selma Magnavita. Segundo dados da FGV, os dois grãos são responsáveis por comprometer 1,10% da renda familiar mensal dos brasileiros. Além do consumidor, produtores baianos também foram surpreendidos com o baixo preço do feijão.
Período de bonança
No entanto, enquanto o comprador comemora os preços mais convidativos, os produtores lamentam ter que arcar com os prejuízos sozinhos. “A tendência era subir, porque não houve tanta produção, mas o prejuízo não chegou ao bolso do consumidor. Hoje é um dos produtos mais baratos no prato do brasileiro, o quilo pode chegar ao consumidor por R$ 1,38”, avaliou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais da região de Irecê, José Carlos Carvalho, referindo-se à perda de 80% da safra de feijão por conta da seca.
Se depender do cenário que vem se descortinando, os consumidores vão poder usufruir de mais um período de bonança. O Boletim Agroclimático da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) aponta que, impulsionados pela combinação temperatura, chuvas e água para irrigação na dose certa, produtores de arroz devem escapar dos efeitos da crise financeira e ter uma colheita maior que a anterior.
O clima vai ajudar o país a aumentar a produção nacional do cereal em cerca de 500 mil toneladas e atingir a marca de 12,52 milhões de toneladas. O estudo traz previsões para os meses de março, abril e maio, período em que mais de 95% da produção nacional estará na fase de colheita.
A informação é do jornal Correio