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PSDB eleva pressão para Aécio desistir e ceder a Serra

Houve uma nítida mudança de tom na disputa entre os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, pela disputa da candidatura presidencial do PSDB em 2010. Nas últimas semanas, ações discretas de bastidor foram feitas no sentid

FHC disse a Aécio que, caso a disputa com Serra resulte num racha que leve à derrota do PSDB em 2010, o governador mineiro também sofreria dano político. O fracasso também seria debitado na conta de Aécio.



O ex-presidente argumentou que incentivar um levante do eleitorado mineiro contra a possibilidade de o PSDB escolher Serra era uma estratégia arriscada de Aécio. Também afirmou que os tucanos não deveriam menosprezar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a possível candidata do PT, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.



Serra autorizou emissários a dizer a Aécio mais ou menos o seguinte. Ambos desejam ser presidente. Ambos precisam um do outro para chegar lá. Aos 68 anos na época da eleição, Serra disse que seria sua última tentativa de conquistar o Palácio do Planalto. Afirmou que, se tiver o apoio de Aécio e vencer, vai se empenhar para acabar com a reeleição. Cumpriria quatro anos e apoiaria o Aécio com força em 2014.



Os relatos sobre a reação do governador mineiro são diferentes. Mas todos têm em comum o seguinte: Aécio reduziu o ímpeto para transformar a disputa numa guerra fratricida. Para alguns tucanos, ele ainda tentará se viabilizar como candidato em 2010. Para outros, ficou sensibilizado com a mensagem de Serra e poderia compor.



Chapa puro-sangue



FHC ainda insiste na montagem de uma chapa Serra-Aécio. Avalia que ela obteria a grande maioria dos votos nos dois maiores colégios eleitorais do país.



Emissários de Serra disseram que, se Aécio aceitasse ser vice, teria forte influência no governo. O mineiro não gosta da idéia de ser coadjuvante. Não acredita muito na capacidade de Serra de dividir poder. Mas o recado foi transmitido.



Vitrine de pré-candidatos



Para apimentar ainda mais a movimentação pré-eleitoral, Aécio terá que dividir o palco com outra potencial candidata presidencial nesta segunda-feira durante eventos sediados em Montes Claros, onde o governador mineiro será o anfitrião do 10º Fórum de Governadores do Nordeste e da 5ª Reunião do Conselho Deliberativo da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
 


Ao mesmo tempo em que resolveu prestigiar Aécio, transferindo para Montes Claros o ato de assinatura do decreto que regulamenta as ZPES (Zonas de Processamento de Exportação), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levará, a tiracolo, sua candidata e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.



Para o evento, em que também será comemorado o aniversário de 50 anos de criação da Sudene, são aguardados os nove governadores do Nordeste e o do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), além de Aécio. A julgar apenas pela legenda de cada um deles, a ministra Dilma transitará à vontade entre os governadores petistas Jaques Wagner (BA), Marcelo Déda (SE) e Wellington Dias (PI). Além de Aécio, o único tucano da região é Teotônio Vilela, de Alagoas.


 


Em fevereiro, um grupo de deputados estaduais votados no Norte de Minas, em companhia do prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite (PMDB), após serem recebidos pelo governador mineiro, em audiência no Palácio da Liberdade, divulgaram que iriam fazer o lançamento da candidatura de Aécio à Presidência da República durante a reunião desta segunda-feira. O próprio governador declarou que não achava a oportunidade para lançamento de candidaturas, por se tratar de uma reunião de trabalho. “Mas, no bom sentido da palavra, acho que a reunião da Sudene terá uma importância mais política do que técnica”, afirma o prefeito de Montes Claros.



Ainda que não aconteça o lançamento de sua candidatura, a reunião da Sudene e o Fórum dos Governadores do Nordeste em Montes Claros vão servir como vitrine para Aécio reforçar a sua imagem junto aos nordestinos. Com isso, ele marcará pontos na disputa que trava com governador paulista José Serra para a escolha do candidato tucano à Presidência a República. O espaço é oportuno para o governador mineiro porque os nordestinos têm resistência à hegemonia paulista. “Realmente, será um grande momento para o Aécio se apresentar para o Nordeste e para o Brasil”, diz um aliado do governador mineiro.



Por outro lado, a oportunidade também deverá ser aproveitada pela ministra Dilma Rousseff, especialmente por conta do seu principal cabo eleitoral, o presidente Lula. Será o primeiro evento público de Lula no território nacional após ele ter sido elogiado pelo presidente americano Barack Obama, num momento de descontração durante a reunião de cúpula do G20, na  quinta-feira, em Londres. Na ocaisão, Obama disse que Lula “é o cara”. Segundo Obama, o presidente brasileiro é o “político mais popular da terra”.



A expectativa de lideranças petistas é que a frase do presidente dos EUA vai contribuir para aumentar a popularidade de Lula, que deverá ter uma grande recepção em Montes Claros. “Se o Obama reconheceu a força do presidente Lula, certamente o Norte de Minas vai reconhecer muito mais”,afirma o deputado federal Virgílio Guimarães (PT). “Acho que a visita será o coroamento da lua-de-mel do Norte de Minas com o Governo Lula, que trouxe a usina de biodiesel e recriou a Sudene”, completa Virgílio.



Ele também acredita que os eventos em Montes Claros vão servir para dar um empurrãozinho na popularidade da ministra Dilma Rousseff entre os mineiros. “É preciso reforçar que a ministra Dilma é mineira. Ela tem sotaque mineiro, é torcedora do Galo e foi universitária da UFMG”, disse o deputado petista.



Da redação,
com informações da Folha Online