Comunistas paraguaios defendem Venezuela no Mercosul
“Quem perde e quem ganha com a entrada da Venezuela ao Mercosul?”, indaga o Partido Comunista Paraguaio. O ingresso, solicitado desde 2007, já foi aprovado pela Argentina e Uruguai, e pela Câmara dos Deputados do Brasil, mas depende da concordância do Sen
Publicado 08/04/2009 19:46
A tomada de posição do PC Paraguaio ocorre pouco depois que a direção do Partido Colorado, maior agremiação oposicionista, decidiu recomendar a seus parlamentares que rejeitem o protocolo de adesão.
Chanceler: “Estamos perdendo dinheiro”
A correlação de forças no Parlamento em Assunção é delicada. A bancada parlamentar de oposição ao governo progressista de Fernando Lugo é contra a aprovação do pedido de ingresso. E os oposicionistas têm maioria tanto na Câmara como no Senado.
“Estamos convencidos de que a Venezuela tem que ingressar no Mercosul”, argumentou Alejandro Hamed, ministro de Relações Exteriores do governo progressista de Fernando Lugo. “Estamos perdendo dinheiro”, disse o chanceler, lembrando que mesmo fora do bloco sul-americano o país de Hugo Chávez já é o quarto maior comprador de carne do Paraguai.
A favor do ingresso, além do PC Paraguaio, estão o País Solidário, Democrático Progresista (legenda de Lugo), o Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e o Movimento Tekojojá.
Acredita-se que a decisão do Paraguai pode sofrer influência da votação no Senado brasileiro. Este tende a aprovar o ingresso, embora contra a posição de seu presidente, José Sarney (PMDB-AP).
“Mau exemplo para quem?
Veja os trechos principais da tomada de posição do PC Paraguaio:
“Não surpreende a veemência com que o Partido Colorado, Pátria Querida, Unace e os setores conservadores do partido liberal recusam sumariamente a entrada da Venezuela no Mercosul. E não surpreende porque o povo paraguaio conhece estes eternos adversários da democracia.
Neste sentido, solicitamos, perguntamos com que moral esses partidos falam que a entrada da Venezuela no Mercosul é um mau exemplo. Como se pode chamar antidemocrático um país que fez 15 eleições em 10 anos, com a participação recorde – e observadores internacionais –, superando o abstencionismo, proclamando e praticando a democracia participativa e protagonista? Um país que, entre muitas outras coisas conseguiu:
• Vencer o analfabetismo desde 2005.
• Reduzir a pobreza extrema de 42,5% para 9,5%.
• Reduzir a pobreza global de 50,5% para 33,4%.
• Aumentar o investimento na educação, de 3,9% para 7% do PIB.
• Atender 88,9% da população através da Missão Bairro-a-Bairro e ser o primeiro país latino-americano a aumentar significativamente o investimento em saúde.
• Criar conselhos comunais como uma forma de incentivar a democracia participativa.
• Incentivar a organização dos trabalhadores e dos camponeses através de sindicatos e cooperativas.
• Defender por lei lei e incentivar a democratização da difusão de informações possibilitando a criação de centenas de rádios comunitárias e dezenas de canais de TV aberta comunitárias.
• Recuperar a soberania sobre seus recursos naturais.
• Incentivar a soberania popular através de uma ferramenta única no nosso continente, como o referendo revogatório, no qual as pessoas podem tirar os governantes que não atendem suas necessidades ou violam as propostas e programas que apresentaram.
Estes são apenas alguns exemplos, muitos deles com o aval das Nações Unidas e outros organismos internacionais, da maneira com que a democracia é construída materialmente na Venezuela, com a indiscutível liderança de Hugo Chávez.
É este o país que dá um mau exemplo para os países do Mercosul? Mau exemplo para quem? Não para os povos da América Latina que buscam sua libertação. A Venezuela é um mau exemplo para aqueles que durante décadas têm matado nosso povo de fome, exerceram o poder contra o povo, entregaram sua soberania, seus recursos, que hipotecaram o futuro do país, que vergonhosamente roubaram os recursos do nosso estado.”
Com agências