Durante CPI, Protógenes se defende de acusações da imprensa
O delegado Protógenes Queiroz disse nesta quarta-feira (8) em depoimento à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, não acreditar que seus subordinados tivessem vazado informações que abasteceram a imprensa sobre o caso Daniel Dantas. “Os vazamentos t
Publicado 08/04/2009 20:20
Protógenes também disse, em resposta ao deputado, Colbert Martins (PMDB-BA), não poder afirmar se houve escuta ilegal no Supremo Tribunal Federal (STF), mas destacou que, dentro da Operação Satiagraha, não há fragmento de escuta clandestina naquele tribunal.
O delegado — que tem sido alvo de uma série de reportagens acusatórias lançadas principalmente por veículos da grande imprensa, como a revistas Veja, IstoÉ e os jornais JB, O Globo e Folha de S. Paulo —, negou praticamente todas as acusações feitas pela mídia e mostrou que a maior parte delas sequer faziam parte dos relatórios da operação Satiagraha.
Protógenes afirmou que as investigações feitas contra ele pela Polícia Federal comprovaram que não houve interceptação telefônica ilegal na Operação Satiagraha, a qual presidiu.
“Todas as interceptações telefônicas foram com autorização judicial e fiscalização diuturna do Ministério Público Federal. O grande volume de dados que se tem é de uma operação que não tem escuta clandestina. Nas duas investigações se tentou buscar e ver se se identificava escuta clandestinas, o que não aconteceu”, afirmou o delegado.
Ele destacou não ter sido indiciado por este crime pela Polícia Federal, mas “apenas” por compartilhar informações com a Abin. Protógenes afirmou ainda que o compartilhamento de informações com a Abin foi dentro da legalidade. Negou também ter vazado informações para a imprensa.
O delegado defendeu que o Parlamento brasileiro, além da resposta que dará à sociedade com conclusão dos trabalhos da CPI, se volte também para proteção das riquezas do País e para acompanhar os trabalhos da Polícia Federal.
Dilma e Filho de Lula
Segundo o delegado, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não foi investigada pela Operação Satiagraha. Protegido por um habeas corpus concedido pelo STF, Protógenes tinha se negado a responder esta mesma questão no início da reunião. “Vou me abster de responder a essa pergunta”, havia dito.
O delegado também negou ter investigado Fábio Luiz, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lulinha, como é conhecido, tinha uma empresa de jogos eletrônicos. “Não foi objeto de investigação [a ministra Dilma]. Nem ela, nem o filho do presidente, como o banqueiro bandido Daniel Dantas quis reverberar induzindo ao erro esses deputados da CPI, dizendo que quando eu o prendi, duas vezes, eu teria verbalizado que estava investigando [o Lulinha]. Não existe nada, sequer um mínimo indício de que ele estaria sendo investigado”, assegurou.
Daniel Dantas
Ele disse ser “de conhecimento público” que o banqueiro Daniel Dantas, preso na Satiagraha, teve interesses atendidos na fusão das teles Brasil Telecom e Oi, realizada no ano passado. Afirmou que dentro da Satiagraha notou-se atos relativos a este tema, mas se recusou a detalhá-los.
Disse ainda que Daniel Dantas teria interesse em obras importantes do governo, como a transposição do Rio São Francisco. Afirmou também que o banqueiro teria mais terras no subsolo brasileiro do que a mineradora Vale do Rio Doce.
Nesta quarta, a Polícia Federal realiza busca e apreensão na sede do banco Opportunity, de Daniel Dantas, no Rio de Janeiro. A operação é comandada por policiais federais de São Paulo. O objetivo da operação, segundo nota divulgada pela PF de São Paulo, é apreender livros fiscais de contabilidade da empresa.
A autorização foi concedida pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, o mesmo que julga os desdobramentos da Operação Satiagraha, na qual Daniel Dantas foi preso. Dantas foi condenado por suborno a um delegado federal e responde processo por crimes financeiros.
Alta temperatura
A sessão da CPI começou com alta temperatura. Novato na comissão, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), próximo ao delegado, cobrou dos colegas uma data para o depoimento do banqueiro Daniel Dantas, preso por Protógenes na Operação Satiagraha.
Alencar afirmou que poderia estar acontecendo uma “proteção” a Dantas, com a não marcação de uma data. O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), negou que haja qualquer proteção e defendeu, inclusive, o indiciamento do banqueiro. Afirmou que a marcação da data depende do cronograma de trabalho, que é de responsabilidade do relator, Nelson Pellegrino (PT-BA).
O relator afirmou que está ainda avaliando a necessidade de um novo depoimento, visto que Dantas já esteve na comissão. Alencar não gostou da resposta do colega. Pellegrino afirmou que o deputado do PSOL “chegou agora na comissão”, o que o irritou. “Cheguei aqui agora, mas não cheguei agora na vida”, protestou Alencar.
Após o desentendimento, outros deputados defenderam um novo depoimento de Dantas.
Cerca de vinte pessoas com camisetas “Protógenes contra corrupção” acompanharam o depoimento do delegado. São integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), do PSOL, profissionais liberais, entre outros simpatizantes de Protógenes. Ao entrara na sala onde aconteceu o depoimento, ele foi aplaudido pelos manifestantes. O delegado nega intenção de disputar eleições, mas em entrevistas na semana passada reconheceu que há um “clamor popular” por uma candidatura.
Da redação,
com agências