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Freitas: prefeitos devem zelar pelo bem público e pelo social

Desde que atingiu um novo patamar em sua vida pública, com o aumento de sua presença em municípios espalhados por todas as regiões do Brasil, o PCdoB vem trabalhando para afinar a atuação no Executivo e no Legislativo com as concepções de sociedade defend

Aspectos como esses têm sido o diferencial das administrações municipais cuja prefeitura está nas mãos de comunistas. Exemplos emblemáticos dessa linha de atuação são as cidades de Olinda – que acumula três gestões do PCdoB – e Aracaju – que reelegeu o prefeito Edvaldo Magalhães – , entre outras.


 


Agora, com um time formado a partir de outubro de 2008 por 42 prefeitos, 66 vice-prefeitos e 608 vereadores apenas para ficar no âmbito municipal, aumentou a responsabilidade dos comunistas. “O resultado eleitoral que obtivemos no ano passado nos colocou diante do desafio de gerir dezenas de cidades o que, nestas proporções, é inédito na vida do partido”, disse Freitas.


 


Por isso, o PCdoB vem fazendo uma série de encontros estaduais na área institucional com o objetivo de incentivar a troca de experiências entre os veteranos e os recém-chegados e orientar a atuação de gestores e parlamentares. “Os comitês compreenderam essa necessidade e começaram a estruturar encontros locais”, explica.


 


Do começo do ano para cá, entre os que já realizaram suas reuniões estão Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Amazonas. Ceará e Minas Gerais já planejam seu segundo encontro entre abril e maio e o Pará deve fazer seu primeiro seminário até o final deste mês.


 


A crise nos municípios


 


No Amazonas, que fez seu seminário no final de março, os comunistas contaram com a participação do vice-governador Omar Aziz. Ele reconheceu que “a crise econômica já afeta muitos municípios do estado porque com exceção de Coari e Presidente Figueiredo, que possuem receita própria, todos os demais dependem do Fundo de Participação dos Municípios e do repasse do ICMS”.


 


Enfrentar a crise é apenas um dos obstáculos a serem vencidos pelos prefeitos. “Estamos nos primeiros meses de governo, quando os gestores estão conhecendo melhor a situação de suas prefeituras. O maior desafio, neste momento, é lidar com o orçamento deixado pela administração anterior e com a diminuição do Fundo de Participação dos Municípios”, colocou Freitas.


 


Mas, apesar das dificuldades, o dirigente diagnosticou entusiasmo entre os participantes dos seminários. “Eles querem cumprir suas tarefas, planejar novas formas de gestão democrática e voltada para o social. Tiveram a compreensão correta de que cada um deles é uma ferramenta que tanto servirá para mudar a realidade local como para ligar o poder público ao povo, buscando soluções que dêem conta de suas demandas”.


 


Diante de um quadro marcado pela extrema desigualdade dos municípios brasileiros, questões de fundo unificam a atuação dos comunistas. “A luta por um país soberano, democrático, desenvolvido e socialmente justo e que seja agente ativo da integração latinoamericana nos orienta e em termos municipais, essa diretiva se traduz em cidades mais humanas e desenvolvidas”, explica Freitas.


 


Administrações realizadoras


 


Do ponto de vista do partido, os encontros têm, segundo Freitas, “revelado uma nova geração de quadros extremamente sintonizados com o momento presente e conhecedores da realidade de seus municípios”. Ao mesmo tempo, “cada um deles é um elemento importante de ligação do partido com a população, o que nos permitirá conduzir de maneira mais ajustada a política do partido”.


 


Contrário à tradicional política familiar que transforma as cidades em feudos a serviço de interesses de seus coronéis, o PCdoB tem procurado enfrentar tal característica oferecendo aos cidadãos candidatos diferenciados e comprometidos com as causas populares. “Essa é uma realidade comum no interior de nosso país. Há dificuldades para se acabar com esses poderes locais, mas temos orientado nossos gestores, através dos comitês municipais, a aplicar uma política diferenciada”, argumenta Freitas.


 


Ele admite que “o fato de um comunista ter chegado a uma prefeitura infelizmente não significa que haverá uma mudança imediata. Isso é um processo”, mas coloca que “aos poucos, vamos construindo práticas mais republicanas. Para vencer essas velhas práticas, é preciso democratizar de fato a gestão pública e fazer valer as instâncias de participação popular. Estamos muito animados com essa perspectiva”.


 


No sentido de avançar no desenvolvimento das cidades, Freitas defende a maior integração da gestão municipal com as esferas estadual e federal independentemente dos partidos que ocupam cada uma delas. “Além disso, as administrações comunistas devem ser exemplos de organização, planejamento e democracia, o que significa também transparência e zelo pelo bem público. Por fim, é necessário que sejam administrações realizadoras”. 


 


De acordo com Ronald Freitas, estar presente nesses municípios tem para o PCdoB um valor para além da ocupação do cargo. “Estamos adentrando o Brasil, conhecendo mais a fundo nossa realidade e sentimos que é possível levar modernidade e melhoria da vida ao nosso povo”. Segundo o dirigente, participar da vida dos municípios “nos permitirá aplicar políticas progressistas para mudar a realidade local e isso também serve ao nosso objetivo que é construir o socialismo”.


 


 


De São Paulo,
Priscila Lobregatte