Jô: Queda drástica dos juros e um programa educacional radical
Ao comentar o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) apontando que os bancos multinacionais praticam no Brasil taxas de juros 10 vezes maiores dos que em seus países de origem, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB) reiterou a necess
Publicado 08/04/2009 17:02 | Editado 04/03/2020 16:51
A educação é uma das prioridades enumeradas pela parlamentar durante discurso na manhã de hoje, no plenário da Câmara, quando registrou o fato de um menino de apenas 11 anos, em Passos, ter sido contratado como matador de aluguel. “Temos de tomar uma decisão para enfrentar os problemas da juventude no País e em meu Estado, implantando um programa educacional radical, que evite a repetição de atos como este”, defendeu.
Fileiras
Jô Moraes chamou para si e seus pares a responsabilidade pela mudança. “A luta pela redução dos juros tem de ser de todos nós, indistintamente. Não importa o partido, o credo. É questão de cidadania. Deve, sim, ser compromisso de todos nós, políticos comprometidos com a qualidade de vida, com o bem-estar de todos os brasileiros. Não podemos deixar gerações inteiras desperdiçadas, afirmou.
“Não podemos mais aceitar que crianças ao invés de estarem na escola estejam vendendo ou consumindo drogas, vendendo seus serviços como matadores de aluguel, conforme divulga a imprensa de Minas Gerais. Um garotinho de apenas 11 anos trabalhando de matador de aluguel ?! Pergunto: Porque ele não está na escola? Porque os conselhos estadual e municipal, a rede de proteção da infância não estão atuando? O que está dando errado?
É preciso que questionemos e apresentemos propostas de solução. Mas que estas não fiquem nas palavras, nos estudos. Que estas propostas sejam assumidas, implementadas. Mas antes de tudo precisamos cerrar fileiras. É preciso decidir em prol do País e esta opção pode ser deslanchada com a redução drástica dos juros. Já não é possível conviver com essa chaga que consome o presente e anula o futuro”
Para ela, se o ingresso de instituições bancárias estrangeiras no país não serviu para aumentar a competição e reduzir o preço dos serviços ou dos juros cobrados, como o propalado, isto não pode ser empecilho para uma atuação firme e decidida, em especial dos políticos investidos de mandato.
Discurso
Aqui, a íntegra do pronunciamento da deputada Jô Moraes no plenário da Câmara, na manhã de hoje: “Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) está divulgando um estudo que escancara uma ferida da qual todos, indistintamente, somos responsáveis. Trata-se de um levantamento sobre as taxas de juros praticadas pelos bancos multinacionais em seus países e no Brasil. Pasmem: os juros que praticam nesta terra onde canta o sabiá é 10 vezes mais elevada do que em seus países de origem. O levantamento expõe o Estado brasileiro não só ao mostrar este disparate, como ao revelar que o Banco do Brasil, pratica juros reais anuais da ordem de 25,05%. Um dos nossos grandes bancos públicos.
Mostra o levantamento que, enquanto cliente do HSBC, no Reino Unido, pagam 6,60% de juros ao ano em empréstimos pessoais, os clientes deste mesmo banco no Brasil pagam taxas anualizadas de 63,42%.
O Santander cobra pelo crédito pessoal na Espanha 10,81% ao ano. Já os juros cobrados aos brasileiros atingem a astronômica casa dos 55,74% anuais.
O Citibank, dos Estados Unidos, não fica atrás em sua sanha no Brasil. Se dos cidadãos norte-americanos os juros para empréstimos pessoais são da ordem de 7,28%, com tendência a cair, aqui o Citibank pratica a taxa de juros de 60,84%.
Os juros dos empréstimos à pessoa jurídica embora seja menor, também tem uma diferença de quatro vezes entre as praticadas em seus países e no Brasil.
Meus queridos, nenhum país atinge a excelência sem cuidar de sua gente. Sem disponibilizar infra-estrutura: que significa redes de água e esgoto, ruas, estradas e avenidas, saúde, educação, moradia, previdência, comunicação, serviços de qualidade.
E nenhum cidadão pode-se dizer atendido em suas demandas com um descalabro desses: Taxas de juros exorbitantes e em plena crise econômico-financeira. O Banco Itaú, segundo o estudo, está cobrando juros para o empréstimo pessoal de 63,25% ao ano. E a nossa Constituição Cidadã estabeleceu os juros em 12%, ou seja, 1% ao mês..
A luta pela redução dos juros tem de ser de todos nós, indistintamente. Não importa o partido, o credo. É questão de cidadania. Deve, sim, ser compromisso de todos nós, políticos, comprometidos com a qualidade de vida, com o bem-estar de todos os brasileiros. Não podemos deixar gerações inteiras desperdiçadas. Esse dinheiro que hoje sai do trabalho e escoa pelo ralo dos juros, da ganância, da usura, tem de ter outra destinação.
Quero, nesta oportunidade, registrar o meu espanto com relação a um fato ocorrido na cidade de Passos, em minha Minas Gerais: uma criança de 11 anos foi contratada para matar um habitante, em quem deu quatro tiros de revólver calibre 32. Felizmente, a vítima não corre risco de morte.
Registro esse fato, senhor presidente, porque temos que tomar uma decisão para enfrentar os problemas da juventude no País e em meu Estado, implantando um programa educacional radical que evite que mais casos como esse se repitam.
Não podemos mais aceitar que crianças ao invés de estarem na escola estejam vendendo ou consumindo drogas, vendendo seus serviços como matadores de aluguel, como divulga a imprensa de Minas Gerais. Um garotinho de apenas 11 anos trabalhando de matador de aluguel. Pergunto: Porque ele não está na escola? Porque os conselhos estadual e municipal, a rede de proteção da infância não estão atuando? O que está dando errado?
É preciso que questionemos e apresentemos propostas de solução. Mas que estas não fiquem nas palavras, nos estudos. Que estas propostas sejam assumidas, implementadas. Mas antes de tudo precisamos cerrar fileiras. É preciso decidir em prol do País e esta opção pode ser deslanchada com a redução drástica dos juros. Já não é possível conviver com essa chaga que consome o presente e anula o futuro. Nossas crianças, nossas famílias, nosso Brasil será bem melhor.
Se o ingresso de instituições bancárias estrangeiras em nosso país não serviu para aumentar a competição e reduzir o preço dos serviços ou dos juros cobrados, como o propalado, isto não pode ser empecilho para a nossa atuação firme e decidida. Não mesmo.
Era o que eu tinha a dizer”.
Fonte – www.jomoraes.com.br