Reajuste nas passagens de ônibus entra em discussão
A prefeita Luizianne Lins está de volta ao trabalho, após afastamento por motivo de saúde. Ontem, ela recebeu empresários de ônibus de Fortaleza, que alegam defasagem nas tarifas e esperam um aumento. Presidente do Sindiônibus fala em R$ 1,90
Publicado 09/04/2009 08:29 | Editado 04/03/2020 16:35
Em seu primeiro dia de trabalho após afastamento do cargo por cerca de duas semanas, com direito a se ausentar do Ceará para exames médicos e descanso, a prefeita Luizianne Lins (PT) sentou ontem com representantes das empresas que fazem o transporte público de Fortaleza para discutir um possível reajuste nas tarifas de transportes coletivos.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Antônio Azevedo, revelou ontem, à saída da conversa com a prefeita, que o ideal seria uma tarifa de R$ 1,90 para reparar uma defasagem que seria resultado de quatro anos de congelamento no preço.
Esta não é, no entanto, a posição oficializada pelo setor das empresas de transporte. O empresário Paulo Porto Lima, que também participou do encontro com a prefeita, disse que o momento é de negociação e que o aumento na tarifa é só uma das questões que estão sendo discutidas na mesa.
Ele explicou que outras possibilidades para satisfazer à demanda das empresas seria uma redução de impostos ou uma baixa no preço do óleo diesel. “Só o diesel pesa 25% na planilha de gastos. O pagamento de pessoal pesa mais 50% na planilha”, afirmou o empresário, que reforçou a ideia: “Não estamos fechando uma proposta em R$ 1,90. O reajuste é só uma das possibilidades em discussão”.
Paulo Porto elogiou, por exemplo, o Governo do Estado pela decisão de baixar aalíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre diesel, em Fortaleza – redução anunciada no ano passado. Mas defendeu que outras medidas precisam ser tomadas. Na próxima terça-feira, dia 14 de abril, empresários e Prefeitura fazem uma nova reunião para conversar sobre o assunto.
Além do congelamento dos preços durante quatro anos, outra medida citada por Luizianne durante a campanha eleitoral do ano passado está sendo, agora, usada pelos empresários para pressionar o aumento da passagem: a tarifa social de R$ 1,00 aos domingos.
Paulo Porto Lima apontou outra razão para a defasagem no preço das passagens. Segundo ele argumenta, 150 mil pessoas entraram no sistema de transporte público da Capital, nos últimos quatro anos. “Com esse aumento de passageiros, as empresas precisam investir mais, precisam aumentar a frota, inclusive os ônibus especialmente adaptados (para deficientes físicos)”. Ele afirmou também que os aumentos com gastos de combustível e recursos humanos pressionam a necessidade de subir o preço da passagem.
A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que, por decisão própria, Luizianne Lins não daria entrevista ontem. A reunião de Luizianne com os empresários do transporte aconteceu no prédio da Prefeitura, onde ela passou todo o dia de ontem despachando. O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Ademar Gondim, também esteve reunido com a prefeita mas, ao deixar o prédio da Prefeitura, preferiu não dar entrevista.
Normalidade
O POVO apurou ontem, junto a servidores que trabalham no gabinete, que Luizianne estava com aspecto tranquilo e aparentava estar bem na volta à rotina de trabalho. A prefeita marcou entrevista coletiva para o próximo domingo, 12, durante o evento de comemoração pelos 283 anos da cidade de Fortaleza.
Luizianne Lins retoma as atividades após retornar ed viagem a São Paulo, onde se submeteu a exames médicos. No 12 de março, a prefeita sentiu-se mal e teve diagnosticado um quadro de pico hipertensivo, que lhe rendeu, inclusive, uma internação.
Procurada ontem, a assessoria da Prefeitura disse que divulgaria nota oficial comentando a reunião de ontem, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.