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Simpatizantes de Fujimori protestam contra condenação 

Apesar da recente decisão judicial, entre a noite de quarta-feira (8) e a madrugada desta quinta (9), cerca de 2 mil pessoas marcharam em Lima, no Peru, em protesto contra a condenação do ex-presidente Alberto Fujimori a 25 anos de prisão. Ele foi cons

O protesto dos fujimoristas referia-se à pena de 25 anos de prisão, por assassinato e sequestro, a que o ex-presidente foi condenado. A sentença foi anunciada na terça-feira. Os simpatizantes de Fujimori percorreram parte do centro de Lima, exibindo cartazes em defesa do ditador.

''Estamos aqui para protestar contra uma condenação injusta, que não só incrimina um homem que nos deu a paz, mas todo o Estado que enfrentou o terrorismo'', disse a filha do ditador.

Keiko, que estava acompanhada do irmão Kenji e de líderes do fujimorismo, discursou com a pequena filha Kiara nos braços para, conforme ela, demonstrar o caráter pacífico dos protestos.

''E não podia ser de outra maneira, já que o presidente (Fujimori) nos ensinou a viver em paz. Foi ele, com suas armas de paz, que derrotou o terrorismo'', exaltou a legisladora.

Para Keiko, que desponta como candidata às eleições presidenciais de 2011 após ser eleita congressista com a maior votação em 2006, a sentença que condenou seu pai ''são 711 páginas de vingança e de ódio''. No final da manifestação, os cerca de 2 mil presentes acenderam velas enquanto escutavam trechos do discurso que o ex-presidente fez durante o julgamento.

A filha do ex-presidente peruano Alberto Fujimori disse na quarta-feira que a condenação de seu pai a 25 anos de prisão por violações aos direitos humanos será um ''bumerangue'' político, porque lhe dará apoio popular, num momento em que ela aparece bem colocada nas pesquisas para a eleição presidencial de 2011.

''O que acho que vai acontecer é que com esta sentença, que considero injusta, muita gente mostrará mais apoio, não só para Alberto Fujimori, mas para o fujimorismo'', disse Keiko a jornalistas estrangeiros.

''Esta sentença, tão dura, será um bumerangue para os perseguidores de Alberto Fujimori. Se acham que o fujimorismo está derrotado, acho que pelo contrário'', afirmou.

Fujimori foi condenado como ''autor mediato'' do assassinato de 25 pessoas acusadas de ligação com a guerrilha Sendero Luminoso. Ele nega ter ordenado as duas chacinas, cometidas por esquadrões paramilitares.

Embora Keiko tenha dito que não estava ''oficializando nenhuma candidatura'' para as eleições de 2011, as pesquisas lhe dão 19 por cento das intenções de voto, à frente do ex-candidato nacionalista Ollanta Humala, com 17.

''Sem dúvida os setores populares apoiam o fujimorismo, e na última eleição vimos que também apoiam Ollanta Humala – isso é algo que não se pode evitar'', afirmou.
Keiko, que é deputada, disse que os advogados de seu pai têm lido atentamente a sentença e terão prazo de 10 dias para apresentar seus argumentos ao recurso de nulidade que apresentaram imediatamente depois da condenação

Fontes judiciais disseram que a Corte Suprema analisará o recurso em cerca de quatro meses. ''Sem dúvida, Alberto Fujimori foi condenado como se fosse um líder de grupo terrorista'', disse ela.

Não ao retorno político

Após a divulgação da sentença, Keiko afirmou que, se for escolhida presidente nas eleições de 2011, indultará imediatamente seu pai, condenado ontem a 25 anos de prisão por crimes de lesa-humanidade.

Mas, segundo o ex-procurador anticorrupção peruano José Ugaz , o ex-presidente Alberto Fujimori não poderá voltar a se candidatar à chefia do Estado, mesmo se obtiver o indulto.

''Sua vida política está terminada'', enfatizou Ugaz em declarações à imprensa estrangeira em Lima.

O jurista foi nomeado procurador pelo próprio Fujimori em novembro de 2000, quando se descobriu a imensa rede de corrupção liderada por seu assessor Vladimiro Montesinos, atualmente na prisão.

Ugaz lembrou que existem condições para ser presidente peruano, entre elas ''não ter sido indultado''.

Histórico

O julgamento do ex-presidente do Peru Alberto Fujimori começou no dia 10 de dezembro de 2007, três meses após o político ser extraditado do Chile. Os processos ficaram a cargo de três magistrados que formam a Sala Especial da Corte Suprema de Justiça, constituída especialmente para o caso.

Fujimori estava detido desde 2005 no Chile. O ex-presidente, que se exilou no Japão em 2000 após escândalos de corrupção que surgiram ao final de seu segundo mandato, viajou a Santiago como uma suposta parada no caminho de volta ao Peru, onde pretendia concorrer uma vez mais às eleições.

Em 2001 o Congresso peruano o proibiu de exercer qualquer cargo público durante 10 anos e abriu três processos penais contra ele. Outros processos foram incluídos entre 2002 e 2003. Fujimori era acusado de crimes contra os direitos humanos e financeiros, como os massacres de Barrios Altos e La Cantuta, que vitimaram 25 pessoas. A justificativa das ações era a caça por extremistas do Sendero Luminoso, grupo guerrilheiro peruano.

No início do julgamento, a defesa apresentou o argumento, por meio do advogado penalista César Nakasaki, de que o ex-presidente só poderia ter tomado decisões quanto ao Sendero Luminoso mediante ordens escritas. Segundo ele, não há nenhuma evidencia formal assinada por Fujimori sobre a “guerra suja”, como é denominado o período de violência compreendido entre 1991 e 2000, protagonizado pelo governo e os extremistas.

A defesa das vítimas e o Ministério Público afirmam que Fujimori, por meio de seu ex-assessor de Inteligência, Vladimiro Montesinos, estruturou um aparelho organizado contra subversivo, que levou à criação do Grupo Colina, formado por oficiais e técnicos do Exército.

O grupo é o responsável pela matança em Barrios Altos e La Cantuta. O MP peruano considera que Fujimori conhecia as atividades do grupo porque Montesinos só prestava contas ao presidente e os dois despachavam juntos.

Os assassinatos de Barrios Altos aconteceram em Lima em novembro de 1991, quase um ano e meio depois da posse de Fujimori. Membros do Grupo Colina dispararam contra cidadãos que realizavam uma reunião social em uma casa: 15 morreram, sendo que uma delas era um menino de oito anos.

Na universidade pública de La Cantuta, dez estudantes e um professor foram seqüestrados e mortos em julho de 1992, em uma zona de classe média em Lima. Os corpos foram encontrados em 1993 depois que uma pesquisa conjunta do Parlamento e de jornalistas revelou que as mortes foram de responsabilidade do Grupo Colina.

Com agências