DVD traz show raro de Paralamas do Sucesso e Legião Urbana
Em 1988, Cláudia Abreu ainda não tinha 18 anos, Bussunda acabara de estrear como um dos redatores do humorístico TV Pirata e Tony Ramos protagonizava a novela Bebê a Bordo, de Carlos Lombardi. E todos ouviam sem parar Os Paralamas do Suc
Publicado 24/04/2009 19:19
No auge da febre do rock Brasil, a Rede Globo promoveu um encontro até então inédito entre as bandas. Foi ao ar uma única vez, em 3 de setembro daquele ano. Relançado agora em DVD pela gravadora EMI, o registro histórico é também um viagem no tempo sem escalas, rumo aos anos 80. Basta reparar no “visual” dos convidados especiais do programa e nos elogios dirigidos por eles aos dois grupos.
Na época, Paralamas e Legião estavam entre os artistas mais populares do Brasil. “É uma manifestação dessa época. Eu mesmo, que não tenho esse (suspiro) pique (risos), fui descobrindo nas letras e nas manifestações deles coisas ótimas”, declara Tony Ramos, então com 40 anos.
Esse “pique” a que o ator se refere é um eufemismo para o furor com que a Legião de Renato Russo e os Paralamas de Herbert Vianna defendem suas músicas no show gravado no lendário Teatro Fênix. Batizado Paralamas e Legião Juntos, o especial passa ao largo da memória mais infantilizada da década e abre espaço para os questionamentos de Renato e Herbert, então com 28 e 27 anos, respectivamente.
“Será que o casal é realmente a melhor forma de relacionamento?”, provoca Herbert. “A gente tenta não se envolver muito com a 'máquina' para não se perder”, declara Renato.
A estrutura do programa, dirigido por Jodele Larcher e com direção geral de Roberto Talma, é simples. Alterna números musicais e depoimentos sobre os grupos do início ao fim. O deputado federal Fernando Gabeira surge, de cabelo armado e máquina fotográfica no pescoço, relacionando as letras da Legião ao cenário de abertura política. A ditadura militar havia terminado em 1985, mas os brasileiros só votariam para presidente no ano seguinte. Enquanto isso, Renato perguntava “que país é este?” enquanto listava as mazelas brasileiras, “nas favelas, no Senado”.
Carlos Lombardi, que fazia sucesso com a trama cômica de Bebê a Bordo, classifica as bandas como “modernas e interessantes, a cara do Brasil de hoje, urbano”. Na plateia, as atrizes Claudia Abreu, Malu Mader e Silvia Buarque eram filmadas fazendo passinhos de new wave. Os cabelos, as estampas, as ombreiras e até os óculos dos espectadores denunciam claramente a que época eles pertencem.
No palco, os grupos improvisaram um duelo de hits: Legião acelerada e suja com Será, os Paralamas precisos e pesados com O Beco. Em 1988, os Paralamas tinham lançado seu quinto disco, Bora Bora, em que davam continuidade aos experimentos com ritmos brasileiros iniciados em Selvagem?, de 1986. E a Legião, com três discos no currículo, consolidava-se em torno da figura mítica de Renato Russo;
Em junho daquele ano, 1988, uma desastrada apresentação da banda em Brasília terminou com tumulto e 200 feridos. Bussunda não perdeu a chance de fazer piada: “Gostaria muito de ter ido ao show da Legião Urbana em Brasília. Rock'n'roll é isso: é garra, é força, é luta!”, debochou.
Juntos, mesmo, só uma interpretação de Nada por Mim e o encerramento com Ainda É Cedo, com direito a Jumpin' Jack Flash, dos Rolling Stones, como música incidental. Nos extras, há um festival de playbacks das bandas no programa Globo de Ouro (o baterista João Barone dublando a si mesmo em Melô do Marinheiro está impagável) e um clipe raro de Que País É este” gravado pela Legião para o Fantástico. Além do DVD, o pacote vem com um CD bônus, com o áudio das 13 músicas do show.
Da Redação, com informações de O Globo