Nivaldo Santana: ''A crise é real''

Neste sábado (25), Nivaldo Santana, representante da Secretaria Sindical Nacional do PCdoB, esteve em Fortaleza para participar do encontro estadual sindical do Partido realizado no SESC-Iparana. Em entrevista ao Vermelho/CE, Santana falou de assuntos

Segundo Nivaldo Santana, a crise do capitalismo que teve como epicentro os Estados Unidos e, em pouco tempo se alastrou pelo mundo, trouxe para os trabalhadores três problemas fundamentais: o aumento do desemprego; as dificuldades de acordo nas campanhas salariais e as tentativas de aprofundar a precarização das relações de trabalho.


 


Nivaldo chama a atenção para um tema importante: a luta dos trabalhadores é vertente estratégica para a resistência. “Este momento é decisivo para o fortalecimento dos movimentos sindicais. Estamos num tempo em que nunca foi tão favorável reavivar a chama pelo Socialismo. Hoje temos forças e argumentos para mostrar que a bandeira socialista é a alternativa”. Segundo o sindicalista, a crise existe. “Ela é real porém não é uma incompetência gerencial. Esta é a crise do Sistema capitalista, faz parte da própria lógica do capitalismo. Só o Socialismo tem saídas progressistas para esta realidade”. Nivaldo alerta que a oposição brasileira está politizando a crise. “Eles surgem e comentam a crise como se o Brasil estivesse desgovernado”.


 


Com a preocupação quanto ao desemprego, Nivaldo revela um dado importante: “Só em dezembro de 2008, aconteceram 600 mil demissões no país, o dobro da média anual”. Ele alerta porém que esta tendência foi revertida parcialmente no primeiro trimestre deste ano. “Mesmo assim, o nível de emprego no Brasil diminuiu”.


 


Nos últimos anos, segundo Santana, as campanhas salariais tinham conseguido aumentos reais, realidade que a crise alterou. “Hoje, alguns setores da economia, principalmente a indústria, apresentam propostas de redução de jornada de trabalho com redução salarial”, alerta.


 


Preocupadas com este cenário, as seis centrais sindicais legalizadas no país construíram uma agenda comum de emergência para enfrentar a crise tendo como objetivo principal a defesa do emprego e do salário. “Algumas dessas propostas foram: a manutenção de uma política de valorização salarial, a aprovação do PEC da redução da jornada de trabalho sem a redução salarial, discutir a convenção 158 da OIT que proíbe demissões imotivadas, o fim do fator previdenciário que rebaixa proventos das aposentadorias, o apoio a medidas da área política e econômica que interfiram no mercado de trabalho além da queda das taxas de juros e dos impostos”, informa Santana.


 


O sindicalista informou ainda que todas as manifestações realizadas pela CTB no país em comemoração ao Dia do Trabalhador terão como tema central a crise e a manutenção dos empregos. “Nós não podemos pagar pela crise”, alertou. Santana disse ainda que além das manifestações do 1º de abril, a CTB já organiza uma marcha emergencial contra a crise. “Provavelmente esta marcha acontecerá em Brasília e a perspectiva é que seja na primeira quinzena de junho”, antecipa.


 


De Fortaleza,
Carolina Campos



 


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