Novas diretrizes políticas foram tema de encontro da Juventude do PCdoB/CE
A Secretaria Estadual de Juventude do PCdoB/CE realizou neste domingo (26) o encontro Partido-Juventude. Com o objetivo de discutir coletivamente o documento apresentado pela Secretaria Nacional de Juventude do PCdoB que aponta diretrizes políticas para o
Publicado 27/04/2009 10:28 | Editado 04/03/2020 16:35
O presidente do PCdoB/CE, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, fez a abertura do encontro abordando a atualização política no Brasil e no mundo. O tema central do discurso de Patinhas foi a crise que atinge o mundo. Resgatando a recente história, o dirigente citou alguns fatos abordados pela imprensa. “A queda do modelo socialista soviético, há cerca de 20 anos, simbolizou para a mídia burguesa o fim do socialismo. Ao contrário disso, hoje podemos ver que o sistema capitalista vive uma crise profunda que atinge não só o sistema financeiro. Tornou-se uma crise sistêmica, estrutural. Esta crise mostra os limites que tem o Capitalismo”, enfatizou relembrando que naquela época a mesma imprensa afirmava que a China também ia cair. “Ao contrário dessas previsões, o país se mostra como o que mais cresceu nos últimos 30 anos”, ratificou Patinhas.
Segundo o dirigente, a saída para a crise se dará com intensa luta política. “É esta luta que vai levar a uma reconfiguração econômica e política no cenário mundial”. Patinhas ressaltou que esta crise vai acelerar o processo de transição no mundo e afirma: “A China socialista sairá fortalecida”. O comunista destacou que esta nova configuração mundial já surge com a reação dos trabalhadores pelo mundo. “Podemos citar a greve geral na França, os movimentos em Portugal, na Alemanha e na Itália”. Com os altos índices de desemprego, afirmou Patinhas, cresce também as contradições entre o capital e o trabalho. “A luta operária ganha peso neste cenário em que o mundo passa por uma transição”, destaca.
No Brasil, Patinhas destacou as ações do Governo Federal na tentativa de minimizar a crise no país. “Com a redução do superávit primário, reposição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), realizações do PAC, o país se mostra parcialmente preparado para enfrentar as dificuldades. O problema continua sendo a taxa de juros que ainda não cede”, analisou.
Diante de toda essa conjuntura, o dirigente ressaltou que este momento é estratégico para se debater um projeto pós Governo Lula que defenda os interesses dos trabalhadores. “Esta é a hora de movimentos como a CTB, a Juventude, MST, unirem forças para que o governo federal avance, tome ritmo mais acelerado e esteja mais preparado para enfrentar a luta política”, enfatizou Patinhas.
Eleições 2010
Sobre as próximas eleições, Patinhas deu informes aos participantes do encontro. “Com as últimas notícias sobre a saúde da pré-candidata Dilma Rousseff surge uma nova conjuntura a ser discutida pelos partidos aliados. O importante é encontrar formas de como articular forças para impedir o retorno do PSDB ao poder. Este projeto progressista brasileiro está ligado a projetos de toda a América Latina, com a Bolívia, Venezuela e Equador”.
No Ceará, a intenção é dobrar a bancada cearense tanto em Brasília quanto para a Assembleia Legislativa do Estado. “Iremos sair com chapa própria pois queremos eleger dois deputados estaduais e dois federais. Quanto à disposição no nome de Chico Lopes para disputar uma vaga no Senado, vai depender das alianças. Devemos ter esta resposta por volta dos meses de maio e abril do próximo ano”, informou.
Sobre o PCdoB no Ceará
Neste ano, com a realização do 12º Congresso do Partido, várias ações serão desenvolvidas ao longo deste processo de construção do encontro como um novo programa socialista para PCdoB, instauração de uma nova política de quadros, mudanças nas direções estaduais. “Estamos em fase de elaboração dos documentos. Cada estado está fazendo reflexões sobre estas demandas. E neste momento, a juventude tem papel fundamentam no Partido”, ressalta Patinhas.
Segundo o dirigente, o crescimento do PCdoB no Ceará vem sendo puxado pela frente institucional. Ele cita como fato importante a eleição de Inácio Arruda para o Senado. “O primeiro comunista após Luis Carlos Prestes”, ratifica. Patinhas também destaca o crescimento dos movimentos de massa como a CTB e a UJS. “O movimento popular é uma questão estratégica. A juventude, por exemplo, tem papel relevante na construção da história do país. A participação dos jovens nas Diretas Já, Fora Collor, O Petróleo é Nosso, foi preponderante”.
O comunista faz porém uma ressalva. O crescimento do Partido traz também grandes desafios. “Se estamos crescendo, temos que manter o ritmo. Temos que saber administrar a situação tanto na derrota quanto na vitória. Como manter este crescimento? Como nos tornar força hegemônica? Como concatenar as frentes parlamentar, de massa e a política institucional?”, questiona Patinhas que acrescenta: “Não dá mais para o parlamentar realizar uma ação sem o apoio da frente popular assim como também não terá força uma luta do movimento social sem a atuação dos parlamentares”. Exemplo disso foi o chamado de Patinhas para que a juventude se engaje na luta contra o aumento da tarifa de energia da Coelce. “Vamos unir, aglutinar forças, reunir as diversas frentes de atuação do Partido para combater este aumento abusivo”, defende.
Força da Juventude
Marcelo “Gavião” (Presidente Nacional da UJS) apresentou o documento “Partido e Juventude” debatido no encontro nacional ocorrido em março deste ano em São Paulo. Com um breve histórico sobre a fundação da UJS em 1984 e o seu relançamento em 1996, a organização dos jovens comunistas enfrentou muitas batalhas e seu crescimento foi devido às muitas lutas. “Neste período, participamos do Fora Collor e da eleição do Presidente Lula”. O cenário favorável do governo de esquerda trás, porém, outros desafios. “Precisamos ser mais ousados nas nossas ideias. O projeto de juventude do PCdoB não pode se contentar com o que já foi feito. O momento político exige isso: ousadia”, destaca Gavião que faz ainda uma ressalva: “Desenvolver projetos para esta conjuntura tem sido muito mais complexo. Como desenvolver uma luta política que não seja nem esquerdista e nem adesista? Como organizar a juventude de forma que todos entendam esta contradição?”, questiona.
O Presidente Nacional da UJS afirma que, apesar de a entidade não ser reconhecia pela massa brasileira, ela é muito respeitada pelos atores políticos do país. Mesmo com as conquistas da UJS, Gavião se mostra apreensivo ao perceber que a juventude demonstra uma certa acomodação. “Temos sim grande inserção dentro da juventude brasileira mas para o objetivo a que nos propomos de que é possível e necessário fazer uma revolução, somos nada. Se não entendermos que podemos avançar, iremos retroceder”, alertou.
Gavião instigou os jovens presentes ao questionar: “Como queremos que esteja a juventude em 2022, ano em que o PCdoB comemora seus 100 anos? Quais lutas estaremos protagonizando até lá? Não falta muito, apenas 13 anos. Precisamos desenvolver uma política de médio e longo prazos”, enfatizou.
Marcelo Gavião destacou que o diferencial da juventude deve ser reforçado. “Temos a ideologia revolucionária. A juventude não se mobiliza por coisas mas por causas. Por que partidos de direita não solidificam movimentos juvenis? Temos que ganhar os jovens com a nossas ideias. Temos que ter ideias”, reforça.
Gavião destaca que o objetivo da juventude organizada brasileira deve ser apoiar o Governo Lula. “A vitória deste governo tornará mais propício o ambiente político para que nós possamos desenvolver nossas ideias. Com clima favorável, poderemos lutar pelo avanço”, defende e acrescenta que “a juventude tem o desafio de buscar um Socialismo com uma nova cara mas sempre estudando experiências socialistas. Esta crise tem se mostrado uma grande oportunidade para debatermos nossa ideologia. Nossa atuação deverá ser sempre à altura dos nossos desafios”, ratifica.
De Fortaleza,
Carolina Campos