'Ainda não houve gesto dos EUA', diz parlamentar cubano
A decisão do governo norte-americano de suspender as restrições às viagens e ao envio de remessas de cubano-americanos a Cuba não significa um gesto para a ilha, afirmou o presidente do Parlamento do país, Ricardo Alarcón.
Publicado 11/05/2009 14:41
Em uma entrevista divulgada ontem pela rede de televisão norte-americana CNN em espanhol, Alarcón declarou que “realmente não podemos considerar esta medida como um gesto a Cuba. Foi a consequência de uma decisão política perfeitamente calculada e anunciada de antemão”.
“Se o presidente (norte-americano Barack) Obama quer enviar gestos a Cuba, ele deveria processar o ex-agente da CIA Posada Carriles (acusado de atos terroristas pelo governo cubano, ndr) ou libertar cinco agentes cubanos presos há dez anos nos Estados Unidos, sob acusação de espionagem”, afirmou.
O presidente do Parlamento enfatizou que a ilha “ainda espera gestos dos Estados Unidos” e que “nós não podemos fazer absolutamente nada, a não ser tomar nota e reconhecer os passos realmente válidos, quando estes forem dados”.
Alarcón ainda confirmou que a proposta feita pelo presidente Raúl Castro, de discutir “tudo” com Obama, “ainda está em pé”, mas deve ser feita “em igualdade de condições”. “Eles devem estar dispostos a escutar muita coisa, porque nós temos muito a lhes dizer”, assegurou.
Segundo Alarcón, o que deve ser discutido entre Cuba e EUA é “como ter uma relação normal conforme os princípios do direito internacional e do sentido comum entre os países vizinhos”.
O parlamentar ainda destacou que “há muitas coisas para mudar”. “Mas quem deve fazer isto? Aquele que criou o problema. Cuba não impôs um embargo contra os Estados Unidos, não ocupa parte de seu território e nem faz listas de condenações”, afirmou Alarcón, referindo-se à lista com nomes de supostos terroristas feita pelo Departamento de Estado dos EUA.
Em 13 de abril, o presidente Obama anunciou que iria suspender as restrições às viagens e ao envio de remessas à ilha, mas não se pronunciou em relação ao embargo econômico que os Estados Unidos mantêm desde 1962 sobre Cuba.
Fonte: Ansa