Começa no RS semana de protesto pelo impeachment de Yeda
Cerca de 60 dirigentes de entidades sindicais realizam, no início da tarde desta segunda-feira (11), uma assembléia aberta pedindo o impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB) e a quebra do sigilo das investigações que tiveram origem na Operação Rodin
Publicado 12/05/2009 19:47
Uma série de manifestações devem ser realizadas durante a semana. Para quinta-feira (21), as entidades sindicais preparam uma grande mobilização em frente ao Palácio Piratini, onde são esperadas cerca de 5 mil pessoas.
Ainda nesta segunda-feira (11), o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio Grande do Sul, Claudio Lamachia, requereu a quebra do segredo de Justiça que estaria protegendo as investigações de uso de “caixa dois” na campanha da governadora do estado. O pedido foi feito pessoalmente junto à Procuradoria Regional da República da 4ª Região, em Porto Alegre.
“O sigilo não mais se justifica, pois os nomes dos suspeitos e suas possíveis ações já foram tornados públicos”, afirmou Lamachia, em nota divulgada pela entidade. As afirmações contra a governadora foram feitas em fevereiro, pelo partido PSOL, e pela revista Veja, no último final de semana.
Para ele, as incertezas quanto ao caso “estão sangrando o estado e a sociedade tem o direito de saber a realidade dos fatos”. Na procuradoria, Claudio Lamachia foi recebido pelo procurador-chefe regional, Humberto Jacques de Medeiros.
Os deputados estaduais opositores no Rio Grande do Sul iniciaram, no último domingo, articulações para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa do Estado, a fim de investigar as denúncias contra Yeda.
Yeda viaja a Brasília por apoio
A governadora fez nesta terça-feira uma viagem a Brasília. Segundo um interlocutor de Yeda, ela tentou buscar apoio na cúpula nacional do PSDB e de parlamentares da bancada gaúcha para evitar a CPI na Assembleia Legislativa.
Gravações divulgadas pela revista Veja mostram conversas entre Marcelo Cavalcante, ex-assessor da governadora, e o empresário Lair Ferst. O áudio indicaria o uso de caixa dois na campanha de Yeda para o governo do estado. Segundo o ex-assessor, as empresas fabricantes de cigarro Alliance One e CTA Continental doaram, cada uma, R$ 200 mil em espécie, que foram entregues a Carlos Crusius, marido de Yeda. A governadora e Crusius negam o recebimento.
Cavalcante morreu em fevereiro em Brasília. Seu corpo foi encontrado no lago Paranoá e a polícia trabalha com a hipótese de suicídio. O ex-assessor era investigado como suspeito de participação em um suposto esquema de desvio de dinheiro do Detran do Rio Grande do Sul.
Segundo a revista, Cavalcante ainda afirmou que a governadora sabia do suposto esquema de corrupção no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O ex-assessor diz, na gravação, que entregou uma carta de oito páginas na qual o empresário Lair Ferst descreveria como funcionava o esquema que desviaria recursos. A carta foi entregue para que Ferst tentasse se livrar da suspeita de participação no esquema.