Os partidos e a defesa da meia passagem

A magnitude tomada pela luta dos estudantes em defesa da meia passagem tem feito com que velhas abordagens sobre o movimento estudantil voltem à tona. Uma das mais utilizadas pela imprensa é sobre a partici

Segundo o vice AM-RR-RO-AC da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Yann Evanovick, não há novidade alguma sobre a intervenção dos partidos na disputa pela manutenção dos 120 meios passes estudantis. “Em todos os movimentos existem diferenças e disputas ideológicas. E isso se expressa na participação dos partidos. E em relação à meia passagem, é natural que as forças de esquerda se apresentem para defendê-la, até porque foram elas que ajudaram na conquista desse direito”, diz.


 


 


Para o líder do movimento estudantil secundarista da região norte, a participação dos partidos reforçam a luta. “O ideal seria que todos os partidos pudessem se manifestar em defesa da meia passagem e atuassem com esse objetivo”, completa Yann.


 


 


O presidente estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB-AM), Antonio Levino, reforça esta tese. “A disputa da meia passagem expõe o embate existente na sociedade entre as forças políticas avançadas, que defendem a conquista de mais benefícios sociais, e os partidos conservadores, que são contrários a isto. Nada mais normal do que os partidos de esquerda, que se mobilizaram pela conquista da meia passagem, voltarem agora se posicionando pela sua manutenção. Até porque nunca deixaram de fazer isso”, afirma.


 


 


Ao contrário do que a grande imprensa tenta passar, as organizações de esquerda não atuam sem concorrência dentro do movimento. “A diferença é que um militante de esquerda bate no peito e diz quem é. Ao passo que os filiados dos partidos de direita se escondem para pregar a despolitização do movimento. Tentam enfraquecer o movimento por dentro dele”, pondera Levino.


 


 


A mesma conclusão é apontada por Yann. “Os membros dos partidos de esquerda, sobretudo os do PCdoB, que há muitos anos dá a linha política para o  movimento estudantil em todo país, fazem questão de se apresentar”, confirma. “E seria muito bom que todos os jovens pudessem fazer o mesmo, aderir um partido político e dizer de que lado vai marchar na sociedade. Se é em defesa dos menos favorecidos ou contra, se é contra eles”, completa.


 


 


A abordagem da grande imprensa


 


O rótulo dado pelas grandes empresas de informação não assusta os que são caricaturados por ela. “Os jornais sempre demonstraram de que lado estão. E da mesma forma que a Folha de São Paulo é para o Brasil, o A Crítica é no Amazonas: um panfleto da direita”, acrescenta Yann, referindo-se ao jornal mais tradicional do Estado e suas abordagens contrárias aos movimentos sociais.


 


 


Já o presidente dos comunistas no Amazonas diz que os meios de comunicação não são nem de esquerda e nem de direita, mas sim pelos seus próprios lucros. “Os veículos de comunicação usam os movimentos sociais conforme sua conveniência. Se estão querendo mais recursos dos órgãos públicos, eles usam as manifestações populares para pressionar a fim de que tenham respostas por meio de convênios e propagandas oficiais. Se estão satisfeitos com seus ganhos, deixam de dar o espaço merecido pelas manifestações e distorcem a abordagem dos fatos”, analisa Levino. “Por isso é comum que as pessoas digam que a imprensa mudou de lado. Quando, na verdade, ela sempre esteve defendendo o seu próprio interesse”, conclui.


 


 


De Manaus,


Anderson Bahia


 


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