Alice Portugal quer parcerias no comando da bancada feminina
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.” Com verso da poetisa Cora Coralina, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) iniciou seu discurso de posse na coordenação da bancada feminina
Publicado 20/05/2009 16:22
Ao assumir a coordenação, a parlamentar conclamou as mulheres para manter a unidade e a determinação em defesa de propostas ousadas que corrijam as enormes desigualdades que perduram há séculos no Brasil.
A deputada comunista acha que a discussão de gênero terá que transitar em todos os grandes temas em pauta, seja a crise econômica, a reforma política, as mudanças no Código Civil ou qualquer outro tema no qual se possa conquistar avanços.
“Faremos isto articuladas com o movimento social, que nos ajudará a amplificar nossas poucas vozes para a sociedade e nos retro-alimentará do sentimento das ruas”, enfatiza a parlamentar.
Segundo Alice, o verso da poetisa goiana “é um espelho fiel do longo e difícil caminho percorrido por diversas mulheres parlamentares no Brasil, desde 1934, com Carlota Pereira de Queirós, a primeira deputada eleita em nosso país, até os dias de hoje, quando nós mulheres ocupamos 45 cadeiras da Câmara dos Deputados e 10 do Senado Federal”.
“Somos ainda poucas, é verdade. Porém, o pouco que somos já significa avanço considerável, fruto de conquistas arrancadas a cada batalha árdua, eleição após eleição, mandato após mandato, pois, afinal, as mulheres só conseguiram votar e serem votadas no Brasil 45 anos após a Proclamação da República”, afirma a deputada baiana.
Avanços e conquistas
A deputada Sandra Rosado (PSB-RN), que deixou o cargo de coordenadora, fez uma balanço das atividades de um ano à frente da bancada feminina, destacando os avanços conquistados com a ajuda do Presidente da Câmara. Ela agradeceu a rapidez com que as reivindicações das mulheres têm sido atendidas, destacando a criação da Procuradoria Especial da Mulher, destinada a receber e encaminhar aos órgãos competentes as denúncias de violência e discriminação contra as mulheres, e a votação da Proposta de Emenda à Constituição da deputada Luíza Erundina (PSB-SP), que assegura a representação da mulher na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Para o Presidente da Casa, o que ele tem feito é apenas cumprir o artigo 5o da Constituição Federal que trata dos direitos fundamentais. Ele lembrou que o constituinte de 1988 ''teve o cuidado'' de usar a expressão ''homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações'' em vez do termo genérico ''todos são iguais''. E propôs às parlamentares usar o texto constitucional como argumento de defesa das políticas de gênero.
Temer afirmou que as mulheres que atuam na política conseguem ''ter autoridade sem perder a leveza'', o que lhes confere uma capacidade de atuar de forma mais tranquila e legítima. E pediu que, além das políticas de gênero, as mulheres também trabalhem na divulgação do papel do legislativo, mostrando a importância do Parlamento para a democracia.
A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire, destacou a parceria da Secretaria com a bancada feminina nas conquistas das mulheres, apostando na continuidade do trabalho. A Secretária Nacional de Mulher do PCdoB, Liege Rocha, presente ao evento, também defende o estreitamento da relação da bancada feminina com o movimento social e o movimento feminista. A dirigente disse que Alice, em sua trajetória, sempre esteve ao lado da luta pela emancipação das mulheres, da garantia dos seus direitos.
A crise e a mulher
Em seu discurso, Alice demonstrou preocupação com a repercussão da crise econômica na vida das mulheres. Ela, que já tinha apresentado dados que demonstram a discriminação à mulher no mercado de trabalho, disse que a crise intensifica esta estatística: “as mulheres vão continuar a ser mais afetadas pelo desemprego neste ano de 2009.”
A crise econômica global vai afetar homens e mulheres no que toca ao desemprego, diz a deputada, acrescentando que “as mulheres vão ser mais atingidas porque, regra geral, têm empregos mais vulneráveis, com piores condições de trabalho, menos produtivos e, consequentemente, com salários mais baixos. Esta base da pirâmide social é povoada por mulheres, pobres e negras em maioria.”
De Brasília
Márcia Xavier
Colaborou: Alberto Marques