Ipea e Dieese explicam eficiência da redução da jornada de trabalho
A redução da jornada de trabalho por meio de mudança constitucional é uma medida eficiente para combater o desemprego. Foi o que disseram, no encontro realizado pela comissão especial que analisa a matéria na Câmara dos Deputados, representantes do Instit
Publicado 20/05/2009 17:23
Para o pesquisador Roberto Henrique Sieczkowski Gonzalez, do Ipea, a redução da jornada de trabalho por lei oferece condições iguais a todos os trabalhadores. Ele considera que a redução obtida por meio de acordos e convenções coletivas, embora eficiente, depende da capacidade de negociação dos sindicatos e varia de acordo com o ciclo econômico e com o setor de atividade. Segundo Gonzalez, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, relativa a 2007, mostrou que quase um terço dos trabalhadores cumpria jornada de mais de 44 horas por semana.
Ele ressaltou que a redução da jornada deve estar associada à melhoria dos salários. ''Do contrário, os trabalhadores vão buscar outros empregos para complementar o rendimento.'' O coordenador de Educação do Dieese, Nelson Karam, argumentou que a produtividade cresceu 23% no Brasil entre 2002 e 2008, mas que esse ganho não foi compartilhado com os trabalhadores.
Salários
O Dieese calcula que a redução da jornada poderia gerar cerca de 2,5 milhões de novos empregos. Ele defendeu a redução da jornada com melhoria dos salários. Ele acrescentou que a redução de 44 para 40 horas teria um impacto para a indústria de 1,99% . ''Isto seria perfeitamente absorvível pelo setor industrial brasileiro''. Segundo informou, uma pesquisa do Dieese feita em 2008 em São Paulo mostrou que 37,8% dos trabalhadores tinham jornada maior que 44 horas semanais. Na indústria, seriam 32,3%, e no comércio, 56,5% .
O coordenador acrescenta que entre 2002 e 2008 a produtividade no Brasil cresceu 23%. Para Karan, esse seria um bom argumento para mostrar a viabilidade da redução da jornada de trabalho. Ele também citou que na França a jornada de trabalho é de 30 horas; no Japão é de 42 horas; na Itália, 38 horas; e na Inglaterra, 39.
''O custo da hora trabalhada no Brasil, é de 5,9 dólares (cerca de R$ 12), enquanto nos Estados Unidos, é de 24,59 dólares; no Japão, 19,75; e na Coréia, 16 dólares. Isso mostra a baixa participação dos salários no custo da produção brasileira.'' Karan enfatiza que na indústria, por exemplo, essa participação seria de 22%. Segundo ele, já foram feitos mais de 30 acordos de redução de jornada em diversos setores, ''o que mostra que é possível de se efetivar''.
Com informações da Agência Câmara