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Ministro elogia fusão Perdigão-Sadia; BNDES pode participar do negócio

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que a fusão da Sadia com a Perdigão, que resultou na empresa Brasil Foods, “era necessária”. Ele disse, ainda, que a nova empresa aumenta a capacidade de competição do país no exterior. Mas o Cade qu

“Eles estão acostumados a trabalhar de forma integrada com os produtores, têm um filosofia de trabalho, que é considerada boa. Portanto, eu acho que, sob todos os aspectos, a fusão é importante para as empresas. Vai ser importante para os produtores e vai ser importante para o país”, disse Stephanes. O ministro afirmou que não acredita que haverá concentração de mercado e, com isso, uma possível padronização de preços de aves e suínos.


 


Ele ressaltou que, além da nova empresa, que representará 40% do setor, há outras cooperativas de médio e grande porte e algumas indústrias independentes que detêm os outros 60% do mercado.”É um setor até certo ponto bastante pulverizado”, afirmou. O ministro também acredita que, com a conquista de novos mercados internacionais pela Brasil Foods, os produtores brasileiros terão mais força e condições de produção.


 


Sinergias


 


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá adquirir papéis da Brasil Foods na oferta pública que a nova companhia realizará, provavelmente em julho, disse o presidente do banco, Luciano Coutinho. “Ainda vamos estudar o assunto, (mas) certamente poderemos participar. Em que escala e condições ainda vamos analisar”, disse. Ele acrescentou que a definição da participação do BNDES não deve demorar. “Esse não é um processo complexo”.


 


Segundo ele, a decisão do BNDES de fazer parte do capital da Brasil Foods se deve à relevância que a empresa terá no mercado interno e externo. “É participar de uma empresa que pode agregar muitas sinergias na exportação e na presença brasileira como uma grande empresa internacional, ocupando posições importantes de mercado”, disse, acrescentando ser fundamental garantir a concorrência no mercado brasileiro após a fusão.


 


Ações


 


A união entre duas companhias de grande porte do país tem sido caminho adotado nos últimos anos. Ambev, Itaú Unibanco e BM&F Bovespa são exemplos disso. O grupo que resultou da junção de Sadia e Perdigão terá faturamento anual superior a R$ 20 bilhões. Juntas as empresas serão responsáveis por quase 25% do mercado exportador global de aves.


 


Além disso, a nova empresa nasce como a terceira maior exportadora brasileira, com vendas anuais no valor de cerca de R$ 22 bilhões, 119 mil funcionários e 42 fábricas. A nova companhia deverá realizar uma oferta pública de ações para levantar valor estimado de R$ 4 bilhões, segundo comunicado ao mercado. Os acionistas da Sadia terão 32% de participação na nova empresa, enquanto que os acionistas da Perdigão terão 68%.


 


Ambev


 


Entre essas quatro fusões, a precursora foi a Ambev, que há dez anos anunciou a união que a tornaria a maior indústria privada de bens de consumo do Brasil e a maior cervejaria da América Latina. A companhia foi criada em 1º de julho de 1999, com a associação das cervejarias Brahma e Antarctica. A fusão foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 30 de março de 2000.


 


Presente em 14 países, a Ambev deu um passo adiante. A aliança firmada com a InBev, em 3 de março de 2004, fez com que a empresa passasse a ter operações na América do Norte e se tornar uma das líderes mundiais. Em março de 2008 foi a vez da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) Holding e da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) anunciarem integração das atividades, para criar a terceira maior bolsa em valor de mercado do mundo e a maior nos mercados de ações e derivativos da América Latina.


 


Oferta hostil


 


A fusão que criou a BM&F Bovespa foi aprovada pelo Cadê em julho do mesmo ano.  Já os bancos Itaú e Unibanco decidiram se unir em novembro do ano passado, resultando um total de ativos combinado de cerca de R$ 575 bilhões, tornando-se o maior banco do hemisfério sul e um dos 20 maiores do mundo. O último passo da criação do Itaú Unibanco foi unificar suas ações negociadas em bolsa no pregão em março deste ano.


 


A união de Sadia Perdigão já esteve perto de ocorrer outras vezes no passado. As conversas começaram há dez anos e as duas chegaram a trabalhar juntas em 2002 na Brazilian Foods, uma associação para as vendas no mercado externo que não vingou. Em 2005, a Sadia, então maior, lançou oferta hostil pela Perdigão, que a rejeitou.


 


Desde então, a Perdigão se expandiu, comprou concorrentes menores e avançou em lácteos, com a incorporação da Eleva e da Batavo, diversificando negócios e ganhando tamanho. A possibilidade de associação ganhou força a partir dos graves problemas financeiros da Sadia, que perdeu bilhões em operações com derivativos cambiais depois que a crise econômica global mudou a direção da moeda brasileira no ano passado.


 


Cade


 


“Começamos a conversar sobre uma união há 10 anos, mas vocês têm que imaginar que uma associação desse porte é difícil e tem muitos aspectos a serem discutidos”, afirmou Nildemar Secches, presidente do conselho da Perdigão e agora co-presidente do conselho da Brasil Foods, ao lado de Luiz Fernando Furlan, da Sadia. “Fizemos as primeiras conversas no final de 2008 e o negócio evoluiu. São empresas do mesmo porte, grandes para o padrão brasileiro, que querem preservar o que cada uma tem de melhor. É uma empresa que já nasce grande”, completou.


 


O processo precisa ainda passar pelo Cadê, que deu 15 dias para o grupos apresentar a documentação mostrando a participação no mercado brasileiro. Após a apresentação dos documentos, as duas secretarias terão 30 dias, cada, para emitir parecer dizendo se a fusão constitui infração da ordem econômica ou não. 


 


Demissões


 


De acordo com a Lei 8.884, de 11 de junho de 1994, a nova empresa estará infringindo a legislação se tiver o objetivo, ou a possibilidade de causar as seguintes ações: limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; dominar mercado relevante de bens ou serviços; aumentar arbitrariamente os lucros; exercer de forma abusiva posição dominante.


 


O parecer será encaminhado ao Cade, que terá mais 60 dias para analisar o caso. Esse prazo pode ser ampliado, caso o conselho julgue que falte documentos a serem apresentados pela empresa. A grande preocupação dos trabalhadores sobre possíveis demissões ainda não foi respondida pelo grupo. Mas uma tentativa de corte de postos de trabalho e tida como certa.


 


Com informações da Agência Brasil