Servidores do Samu em greve a partir de hoje
Servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) entraram em greve na noite de ontem em Fortaleza. A categoria deliberou pela paralisação em assembléia realizada na coordenação do Samu, na Parquelândia. A partir de hoje, às 7h, motoristas soc
Publicado 20/05/2009 08:55 | Editado 04/03/2020 16:35
A paralisação se refletirá no número de equipes e de ambulâncias na rua, conforme integrantes do comando de greve da categoria. Além do percentual mínimo exigido em lei, os grevistas prometem deixar sempre uma equipe de plantão para atender a chamadas urgentes. Terceirizados que trabalham com atendimento de urgência não vão parar.
Conforme a auxiliar de enfermagem do Samu, Vera Barros, os servidores farão uma “greve com responsabilidade, preservando a vida e o serviço essencial à população”. A categoria reivindica incorporação de uma gratificação por produtividade, no valor de R$ 250,00, ao vencimento base, de R$ 426,00. Conforme o motorista socorrista, Manoel Batista da Costa, os trabalhadores têm péssimas condições de trabalho, com veículos sucateados e falta de fardamentos novos.
De acordo com o ouvidor-geral do Município, Marcelo Fragozo, a Prefeitura não apresentou proposta aos servidores do Samu porque espera realizar negociação conjunta para o setor da saúde. Ele antecipou, porém, que a administração vai propor a divisão da gratificação em 50% fixos e incorporados e 50% variáveis e pagos conforme critérios de produtividade. O ouvidor disse que a Prefeitura vai procurar a categoria tão logo seja comunicada oficialmente da greve, o que não aconteceu até ontem à noite.
Greve encerrada
Por outro lado, servidores da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) e da Usina de Asfalto e Fábrica de Pré-Moldados encerraram a greve iniciada anteontem. Isso aconteceu depois de negociações com representantes da Prefeitura na manhã de ontem, quando o poder público se comprometeu a atender reivindicações das categorias.
Continuam em greve servidores da Secretaria de Finanças (Sefin) e professores da rede municipal de ensino. Os fazendários realizam assembléia hoje, às 8h30, em frente à sede da Sefin, no Centro. Outra categoria com grande chance de greve, segundo a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza, Nascélia Silva, é a dos servidores da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC). Amanhã, às 17h, haverá assembléia em frente à sede do órgão, no José Bonifácio. Hoje, às 18h, servidores do Instituto Doutor José Frota (IJF) fazem assembléia no sub-solo do hospital.
Abandono: Pacientes de urgência não são socorridos
Outro caso recente de falta de atendimento de urgência é o de Jociane de Castro Santos, de 19 anos, grávida de três meses, e que sofreu uma queda de pressão em pleno Terminal do Siqueira. Ela estava acompanhada do filho de três anos e não tinha como se comunicar com a família.
Sem conseguir ser socorrida pelo pessoal do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência da Capital, foi levada em um ônibus da linha Siqueira/ José Bastos para a Maternidade Escolas Assis Chateubriand. A decisão de transportá-la foi de policiais militares e dos próprios funcionários da empresa de ônibus, preocupados com a saúde da mulher. Após medicada no Hospital das Clínicas, a jovem recebeu alta médica.
O coordenador de plantão do Samu, médico Parsifal Botelho, reconhece que, pelo número de ligações diárias recebidas pelo Serviço, em média, 2,7 mil, é realizada uma triagem dos casos mais urgentes. “E mesmo assim, quando são muitos, essa regulação é feita sob critérios ainda mais rigorosos”, justifica o profissional.
Esta triagem causa incômodo e preocupação nos fortalezenses, que não têm a certeza de que serão atendidos em caso de urgência. “Peço a Deus que ilumine minha família e que nunca tenha que pedir socorro a esse serviço”, alfineta o funcionário público José de Aleluia de Almeida.
Apesar das críticas ao sistema, Almeida avalia como positivo, o esforço da equipe. “Eles são excelentes, mas sem condições estruturais, ninguém consegue atuar adequadamente”.
O coordenador de plantão aponta que, além do número de ambulâncias, os trotes contribuem para aumentar os “furos” no atendimento de urgência e emergência. Eles são responsáveis por 45% das 2,7 mil chamadas diárias, em média, recebidas pelos números 192 (direto para Samu) e 190 (Ciops). Isso resulta em 1,6 mil ligações mentirosas e que podem estar colocando a vida de outras pessoas em risco.
Número de ambulâncias não atende à demanda
A missão do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência da Capital (Samu/Fortaleza) é o socorro rápido e qualificado. Na prática, não é isso que acontece. O serviço vem deixando a desejar por dois motivos. Sendo o primeiro deles, o principal causador de tantas reclamações por parte da população em relação ao atendimento: as ambulâncias disponíveis não cobrem o número de chamadas de urgência e emergência que o Samu vem recebendo, de maneira crescente, nos últimos anos, das comunidades mais carentes da cidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que para cada 100 mil habitantes, devem existir uma ambulância básica. Atualmente, o Samu conta com 18 ambulâncias básicas e duas equipadas com Unidade de Tratamento Intensivo (UTIs). Uma carência de, no mínimo, cinco veículos, que no cotidiano faz uma grande diferença para pior.
Carência
O compromentimento dos atendimentos vem sendo sentido pela população a cada dia que passa. Moradores de todas as áreas da cidade reclamam da demora no atendimento e até da recusa na prestação do socorro. Embora na relação das prioridades divulgadas pelo Serviço estejam casos de trabalho de parto e crises hipertensivas ou alteração de pressão, nem sempre isso acontece.
Dois casos deixaram ainda mais indignada a opinião pública: a mulher em trabalho de parto que terminou sendo atendida pelo Ronda do Quarteirão. Populares ligaram para o Samu e foram informados de que não a ambulância não poderia ser deslocada para o local porque havia outros casos de atendimento mais urgente.
Os policiais militares do Ronda foram obrigados, então, a fazer o parto da mulher em condições não adequadas, dentro da viatura.
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