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Africanos comemoram 46 anos da criação da UA

O “continente negro” celebra nesta segunda-feira (25), precisamente 46 anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na ocasião.



Por Pas

O ato constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.



No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à colonização e subordinação a que o continente estava submetido durante séculos. Colonialismo, neocolonialismo, “partilha da África”. Os termos foram mudando ao longo do tempo, mas os africanos viam “roubadas” as suas riquezas, tanto naturais como humanas.



Dessa reunião nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação da África.



O dia representa também um profundo significado da memória coletiva dos povos do continente e a demonstração do objetivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta para o desenvolvimento econômico continental.



A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.



Entretanto, de todos esses pressupostos, é fato reconhecido que a libertação do continente do jugo colonial e o derrube do regime segregacionista do Apartheid, durante anos em vigor na África do Sul, foram eleitas como as tarefas prioritárias da OUA.



Entretanto, como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática. A construção de uma verdadeira unidade entre os países membros é ainda inexistente, sendo exemplos disto as guerras civis e as crises na região dos Grandes Lagos.



Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.



Assim, em 12 julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, econômicas e políticas que se operam no mundo.



Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia da África em 25 de maio, para lembrar o ponto de partida, a trajetória e o que resta para chegar-se à meta de “uma África unida e forte”, capaz de concretizar os sonhos de “liberdade, igualdade, justiça e dignidade” dos fundadores.



Por isto, é um dia de festa e de reflexão em África e em todas as instituições internacionais onde os africanos têm agora um lugar e uma voz, por mérito próprio e como fruto de mais de um século de resistência e lutas.”



Outro objectivo principal da UA continuará a ser a unidade e solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, integridade territorial e independência dos seus Estados membros e acelerar a integração política e socioeconômica do continente, para realizar o sonho dos “pioneiros” que em 1963 criaram a OUA.



Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada Republica Árabe Saarauí, reconhecida pela OUA em 1982.



Apesar de se registrarem atualmente na África alguns conflitos de caráter político, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos.



De uma forma geral, os governos africanos são repúblicas presidencialistas, com exceção de três monarquias existentes no continente: Lesoto, Marrocos e Suazilândia.



Enquanto as mídias internacionais continuam a concentrar-se em histórias de miséria, doenças, desastres e desespero, a realidade é diferente e felizmente dinâmica.



Parcerias são formadas diariamente ao abrigo da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), um instrumento da União Africana que se baseia em relações e acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.