Sindjorce 56 anos: entre a luta, a repressão e a democratização dos meios de comunicação

A luta por melhores salários e condições de trabalho, contra a crescente precarização das relações trabalhistas e o desrespeito patronal, nunca esteve tão atual. Em campanha salarial há quase nove meses, jornalistas empregados de jornais, revistas e asses

Com base em argumentações mentirosas, de que manifestantes iriam “depredar as instalações e os equipamentos” dos jornais, os patrões conseguiram que dezenas de homens do Batalhão de Choque, do Gate e do Cotam cercassem as redações para intimidar jornalistas e gráficos a não aderirem ao movimento. Também com base em aleivosias, os jornais O Povo e Diário do Nordeste conseguiram liminares impedindo a realização de piquetes de greve na porta das empresas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Além do uso descabido do aparato de repressão do Estado, jornalistas foram ameaçados de demissão por seus superiores, líderes grevistas transferidos das redações e diretores do Sindjorce impedidos de entrar nos locais de trabalho.


 


Contra a tentativa dos jornais de criminalizar o movimento sindical, utilizando seus espaços editoriais para atribuir “interesses obscuros” a manifestações legítimas dos trabalhadores, insurgiram-se a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Central Única dos Trabalhadores (CUT-CE), a Associação Cearense de Imprensa (ACI), o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), representantes da Igreja, senadores, vereadores, deputados federais e estaduais.


 


Além do apoio da sociedade, o Sindjorce comemora ainda o apoio da categoria revelado em pesquisa de opinião sobre o desempenho dos sindicatos laboral e patronal durante a campanha salarial de impresso 2008/2009. Aplicada no dia 13 de maio com 127 jornalistas dos jornais O Povo, Diário e O Estado, e tabulada pelo Dieese, a pesquisa apontou que 73% dos entrevistados consideraram o desempenho do Sindjorce entre excelente (6%), bom ou satisfatório (30%) e regular (37%). Já as empresas ficaram com 57% entre péssima (22%), ruim ou insatisfatória (35% ).


 


As adversidades não se restringem ao plano local. No plano nacional, a profissão também vem sendo alvo de duros ataques contra a organização dos trabalhadores. Exemplos disso são a tentativa do patronato de derrubar na Justiça a obrigatoriedade da formação superior específica em Jornalismo para o exercício da profissão; a campanha sórdida e mentirosa contra a criação do Conselho Federal de Jornalistas; o veto do presidente Lula ao projeto de lei que atualizava as funções privativas de jornalista; a intenção do Ministério da Educação de “flexibilizar” as regras de acesso a profissão, entre outras investidas contra uma regulamentação profissional de mais de 70 anos.


 


Num cenário de incertezas para o Jornalismo livre e democrático, surge, pela primeira vez no Brasil, a possibilidade da sociedade participar da elaboração de políticas públicas para o setor da Comunicação. A 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), reivindicação legítima da sociedade, será realizada de 1º a 3 de dezembro de 2009. Apesar da disputa de espaço que certamente se dará nesse fórum, a categoria vê a Confecom como bandeira prioritária. É a oportunidade de os jornalistas e de outros cidadãos preocupados com o tema serem sujeitos do que pode vir a ser o primeiro passo de uma mudança histórica rumo a democratização dos meios de comunicação, que difundam conteúdo de qualidade e que respeitem regras claras e rigorosas de concessão desses serviços.


 


Nesse aniversário de 56 anos de luta em defesa das liberdades de imprensa e de expressão, o Sindjorce convida todos os jornalistas cearenses a entrarem no debate sobre a Conferência desde já para ocupar esse espaço com o objetivo de cobrar mudanças e propor formas de controle público sobre a comunicação. Sem dúvida essa luta que requer tanto empenho da categoria terá repercussões positivas para toda a sociedade.


 


Fortaleza, 26 de maio de 2009
Diretoria do Sindjorce