Ato reúne lideranças da UNE na Capital

A homenagem aos 30 anos de refundação da União Nacional de Estudantes (UNE), em meio à ditadura militar a partir de um congresso nacional em Salvador em 29 de maio de 1979, reuniu em Porto Alegre lideranças antigas e atuais do movimento. O encontro aco

“Conseguimos reconstruir a UNE porque tivemos a capacidade de unir todas as correntes do movimento estudantil no Brasil e também o apoio social e político – basta dizer que o congresso foi realizado em Salvador com o apoio do governador da época, nomeado pela Arena, que era Antônio Carlos Magalhães”, lembrou o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), que em 1979 era secretário-geral do movimento.


 



Para ele, a lembrança dos 30 anos de refundação da UNE deve ser interpretada como uma forma de atualizar a luta pela democracia na construção de um País mais forte e justo. “Agrande bandeira era a democracia. Podemos não ter terminado a sua construção, mas chegamos ao estágio atual, em que cabe lutar por outras bandeiras”, analisa, ao reconhecer a importância da militância estudantil como uma escola de participação politica. “A melhor universidade que eu conheço é o movimento estudantil. Ali se aprende a defender ideias, a respeitar as posições alheias e a ter uma opinião crítica sobre as coisas”, afirma.


 


O economista Fredo Ebling Júnior, que em 1978 era o presidente do diretório dos estudantes (DCE) da Ufrgs e que esteve na direção da UNE na época da refundação, lembra que o congresso foi o cume de vários processos de mobilização. “Os anos de 1977 e 78 assistiram a muitas passeatas e mobilizações. Em Porto Alegre, o palco era a avenida João Pessoa. Defendia-se uma anistia ampla e a realização de uma assembleia conseguinte”, conta.


 



Também presente na solenidade, o jornalista Alon Feuerwerker, integrante da chapa Mutirão, que venceu as eleições naquele ano, diz que os estudantes abriram um espaço de luta contra o regime militar, posteriormente ocupado pela própria sociedade. “Foi uma ação de vanguarda. Vivemos hoje num ambiente democrático graças à luta daquelas pessoas que decidiram mobilizar suas energias para transformar o Brasil. A energia e a vontade de transformação da juventude continuam as mesmas, o que mudou foram as condições de se fazer política, que hoje são muito melhores”, destaca.


 


Ao analisar a capacidade de o movimento produzir lideranças de destaque nacional, Feuerwerker aponta que, desde os anos 1920, num processo de emergência das camadas médias, houve a inserção destes grupos sociais na vida politica através das universidades. “Das faculdades vieram as lideranças políticas que entraram no cenário nacional a partir dos anos 30, mudando o, perfil do politico”, destaca.


 


Para a atual presidente UNE, Lúcia Stumpf, a entidade ainda se assemelha àquela de 30 anos atrás. “Ainda reivindicamos a implementação de uma reforma universitária capaz de ampliar os espaços para o conjunto dos jovens brasileiros, que se preocupe com um projeto de desenvolvimento nacional”, defende.


 



Segunda ela, a UNE tem conquistado cada vez mais apoiadores e vê crescer no ambiente estudantil o número de militantes. “Devido ao fato de não ser mais uma luta clandestina contra a ditadura, porque já vencemos esta etapa, a UNE ganha muita força, como será demonstrado no congresso de julho. A UNE continua com ainda mais motivação, porque tem hoje um espaço para atuar e se desenvolver”, atesta.


 


FONTE: Jornal do Comércio