CPI da Petrobras: indústria naval teme prejuízos e desemprego

Em audiência pública realizada nesta semana na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara, Ariovaldo Santana da Rocha disse que o setor –que tem atravessado a crise incólume – poderá sofrer prejuízos com a CPI. O receio, de acordo com Rocha, é de que a CPI provoque a paralisação de uma série de processos de licitações em curso, para construção e venda de navios, sondas e plataformas para a Petrobras.

O diretor de Exploração e Produção da empresa, Guilherme Oliveira Estrella, no entanto, negou que haja risco de interrupção nos investimentos previstos, por causa da CPI, principalmente relacionados à exploração do petróleo em camadas profundas – o petróleo do pré-sal. Na audiência pública, o representante da indústria da construção naval elogiou a “seriedade” da empresa, considerou “um absurdo” a criação da CPI e criticou os senadores pela iniciativa.

Embora Estrella garanta que não haverá descontinuidade nos investimentos da empresa,a preocupação dos empresários é legítima, como diz o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). “O objetivo da oposição é enfraquecer a empresa e obstaculizar a criação de uma nova lei do petróleo e impedir que o Brasil tenha o controle das imensas riquezas do pré-sal”, disse o deputado.

“A indústria da construção naval brasileira foi totalmente recuperada pelo governo Lula a partir de 2003, já que no governo FHC (1995-2002), os investimentos da estatal eram reduzidos e equipamentos encomendados no exterior, em detrimento da geração de empregos no Brasil”, disse Luiz Sérgio.

O deputado Luiz Alberto(PT-BA)também entende que, apesar das ressalvas feitas por Estrella, a CPI poderá criar dificuldades para investimentos da empresa. “Enquanto no mundo todo, diante da crise, os países preocupam-se em fortalecer suas empresas nacionais, no Brasil a oposição quer o contrário: enfraquecer e descredenciar a Petrobras, colocando-a sob suspeição. É uma atitude impatriótica”. Luiz Alberto lembrou que só na Bahia, investimentos da Petrobras poderão gerar pelo menos 30 mil novos empregos, com a instalação de três estaleiros no estado.

Sobre a CPI da Petrobras no Senado, o líder Henrique Fontana (PT-RS) lamentou a iniciativa da oposição, argumentando que a empresa poderia ser fiscalizada por órgãos como o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União. “A maior empresa do Brasil tem papel estratégico no enfrentamento da crise e agora dá um salto com o início da exploração do pré-sal. Pois bem, essa postura da oposição coloca todo esse êxito em risco. Em vez de usar a Petrobras para fazer luta politíca, a oposição poderia estar discutindo com o governo o modelo de exploração da camada de pré-sal”, criticou.

O deputado Jilmar Tatto (PT-SP) disse que a CPI é manifestação de desespero da oposição “A Petrobras é um simbolo do Brasil e, com seus megainvestimentos, tem ajudado o Brasil a enfrentar os reflexos da crise internacional, gerando emprego e renda no Brasil. Mas a oposição conspira contra os interesses nacionais, prejudicando setores importantes como a construção naval”.

Segundo Guilherme Estrella, os investimentos previstos para a exploração do petróleo do pré-sal estão garantidos no plano estratégico da Petrobras. Segundo dados apresentados pelo diretor da Petrobras na audiência pública, a empresa planeja adquirir 44 navios de grande porte, 92 barcos de apoio e 15 plataformas de produção somente no período de 2009 a 2013. Dessa data até 2015, serão cinco navios de grande porte, barcos e oito plataformas. E, de 2016 a 2020, a empresa prevê adicionar à frota 53 barcos de apoio e 22 plataformas.

O diretor de Exploração e Produção da Petrobras apresentou o plano da estatal até 2013, que prevê aplicação de US$ 174,4 bilhões em investimentos. Desse total, US$ 104,6 bilhões serão destinados à exploração e produção de petróleo, dos quais US$ 92 bilhões no Brasil. Na exploração da camada pré-sal, a Petrobras deve investir US$ 17,7 bilhões de dólares. Afirmou que até 2013 a Petrobras deve ser responsável pela geração de 1,044 milhão de novos empregos no Brasil, dos quais 267 mil diretos e 777 mil indiretos.

 
Fonte: www.informes.org.br