Reitor da UFRJ debate com PCdoB a educação superior no Brasil
O PCdoB/RJ recebeu, no dia 25, em sua sede, o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, para um debate sobre a educação superior brasileira. O encontro faz parte de uma série de debates que o Partido tem promovido para aprofundar diversos temas. O debate foi medi
Publicado 29/05/2009 19:07
Inicialmente, Aloísio Teixeira abordou a construção da universidade no Brasil. Segundo ele, enquanto a América espanhola construía seus primeiros cursos superiores, no País, só em 1808, com a chegada da Família Real, é que começou a se pensar na educação superior, porém ainda como escolas e não como universidades.
Quando foi Proclamada a República, informou Aloísio, havia apenas seis estabelecimentos de ensino superior, mas nenhuma universidade. Eram eles: Direito, Engenharia e Medicina, sendo dois de cada. “A República não mudou esse quadro. Só nos anos 20 essa questão foi tratada novamente”, declarou o reitor.
Aloísio elogiou o trabalho do educador Anísio Teixeira, que nas décadas de 20 e 30, defendeu “não apenas a difusão do conhecimento, mas a preparação do homem para o saber. Anísio colocou no centro a Faculdade de Filosofia, com a ideia de que os estudantes começassem por ali, para só depois serem encaminhados ao profissionalizante”.
Os militares e FHC
Sobre a política de educação superior na Ditadura Militar, o reitor destacou que alguns aspectos avançaram – apesar de deixar claro a repressão que ocorria nas universidades – como a introdução da docência em tempo integral e a indissociabilidade de pesquisa e ensino.
“Porém, ao mesmo tempo, os militares tinham uma política privatista, que nos anos 90, o governo FHC fez crescer. Antes de 1964, 2/3 dos estudantes eram de universidades públicas, em 2001, 70% eram das privadas”, disse o reitor.
Avanços com Lula
“Nos últimos anos, a partir do governo Lula, as coisas mudaram. Na educação superior a gente avançou muito, e o maior dos avanços foi a construção de um ambiente de articulação. Nenhuma proposta do MEC deixou de ter discussão prévia. Comparando ao Paulo Renato [ministro da Educação do governo FHC], foi uma mudança radical.”, declarou Aloísio.
O reitor da UFRJ ainda citou outros avanços: “nenhum processo de escolha para reitor foi desrespeitado, recuperaram-se os orçamentos – a perda nos anos 90 foi muito significativa – e com o Reuni avançamos mais ainda”.
“O sistema público federal recuperou seu protagonismo. Na UFRJ, em 2003, o orçamento era de R$ 45 milhões. Agora, em 2009, estamos recebendo R$ 160 milhões. Vamos abrir 700 vagas para docentes e 1.500 para técnico-administrativo”, comemorou Aloísio.
Por outro lado, Aloísio criticou o baixo número de alunos que ingressam no ensino superior. Segundo ele, apenas 13% dos jovens entre 18 e 24 anos estão na universidade, enquanto na America Latina a média é de 32%.
O reitor ainda criticou o atual sistema de vestibular, “que não mede mérito, mas renda. Atacar esse modelo é fundamental. Na UFRJ, 65% dos alunos são da rede privada”. Aloísio elogiou o Enem, onde o aluno não é submetido somente a uma prova, mas a uma avaliação da sua vida escolar. “A universidade pública é para todos”, decretou o reitor.
Do Rio de Janeiro
Marcos Pereira