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Venezuela rebate críticas de Vargas Llosa

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, rebateu hoje as críticas feitas por intelectuais conservadores reunidos em Caracas, que alertaram para a possibilidade de o país se tornar uma “ditadura comunista”.

O diplomata afirmou que a Venezuela abre mão desses conselhos. Ao inaugurar uma reunião de ministros da Cultura dos países da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), Maduro destacou que “o povo (venezuelano) não necessita de conselhos porque o povo é culto”.

Dos críticos ao governo do presidente Hugo Chávez, o que mais gerou polêmica foi o escritor peruano Mario Vargas Llosa, que afirmou que a Venezuela se encaminha para ser “a segunda Cuba da América Latina”. Ele também incentivou a oposição a “seguir na luta”, com métodos “que não são as bombas, os tiros, os discursos pomposos”, e sim “ideias, valores, convicções democráticas e uma conduta inspirada na liberdade”.

Em resposta, Maduro ressaltou que seu país vive uma “revolução cultural”, cujo objetivo é resgatar a identidade nacional, enquanto “o projeto transnacional Alba-Cultura tem o privilégio de enfatizar a expressão de amor dos povos”.

Por sua vez, o vice-ministro da Cultura, Ivan Padilla, disse que Vargas Llosa se transformou em um “agente da CIA (o serviço secreto norte-americano), e está ao serviço dos impérios”, dos Estados Unidos e Espanha. Um artigo, publicado hoje pela agência de notícias estatal da Venezuela, critica a saída “liberal, de mercado livre”, proposta por Vargas Llosa.

Leia abaixo o texto da ABN:

Vargas Llosa tem a solução: o livre mercado

Messiânico e veemente, o escritor Mario Vargas Llosa apresentou hoje a sua fórmula mágica para alcançar o desenvolvimento na América Latina: o mercado livre.

A solução para todos os problemas que foi apresentada por Vargas Llosa, cidadão do Reino da Espanha, de origem peruana, foi solenemente proclamada ante um público composto pelo mais seleto ról do pensamento reacionário do continente, que assiste a um congresso internacional antichavista, reunido livremente em Caracas, Venezuela, e transmitido sem restrições na televisão.

O anfitrião deste evento é o CEDICE, instituição privada que apresenta ante o povo venezuelano como um centro de estudos económicos e que ostenta, na Venezuela, a franquia da Federação Internacional Liberal (FIL)

A FIL é a organizadora do conclave antichavista. Presidido por Vargas Llosa e composta sua direção por vários participantes do evento, o FIL é uma organização financiada pelo governo os Estados Unidos e através da National Endowment for Democracy (NED) e da USAID, ambos proprietários de um longo prontuário de intervenções desestabilizadoras na América Latina.

O evento antichavista tem como sede um recinto também profundamente ligado ao mais reacionário da política venezuelana. Se realiza no hotel Caracas Palace, antigamente conhecido como Four Seasons, que serviu de quartel-general das forças militares que tentaram um segundo golpe, em 2002.

Neste cenário, as palavras de Vargas Llosa, precisas e implacáveis, nos recordam a veemência de seu personagem Pantaleón, também eloquente defensor de causas insustentáveis.

Com expressões mortíferas, desprovido de qualquer moderação, defensor colérico de postulados corroídos pela crise econômica do capitalismo e sem qualquer intenção de convencer o adversário, Vargas Llosa apenas visa aniquilar o pensamento progressista, através do uso excessivo do adjetivo.

Ainda que se tenha definido hoje como um liberal, seu sermão foi composto pela apresentação da “ameaça de uma ditadura comunista” e pela sua defesa do livre mercado e da propriedade individual dos meios de produção.

O que assusta Vargas Llosa é o projeto que o governo está colocando em prática sobre a Lei de Propriedade Social, que criaria condições legais para que os trabalhadores e as comunidades sejam os proprietários das fábricas e das terras.

Portador de uma verdade que está para além de suas possibilidades humanas, em uma clara ligação com o deus do capitalismo, no comando desta reunião internacional antichavista, parecia um profeta da aniguidade arregimentando exércitos dos empresários.

“Se este caminho não for interrompido, a Venezuela vai se tornar uma segunda Cuba na América Latina. Não podemos permitir. É por isso que estamos aqui “, ele profetizou.

“É individual e privada ou não é propriedade”, disse Vargas Llosa, propondo uma verdade que os seus apóstolos deverão fundir em aço inoxidável para o conhecimento das gerações futuras.

Álvaro, seu filho, pareceu satisfeito com a pregação do seu pai.

Com Ansa