Curió, carrasco do Araguaia, é julgado por assassinato no DF
Começou nesta sexta-feira (5) o julgamento, no Tribunal do Júri de Sobradinho (DF), de Sebastião Curió Rodrigues de Moura, acusado de homicídio qualificado e lesão corporal dos irmãos menores Laércio Xavier da Silva e Leonardo Xavier da Silva. Prefeito
Publicado 05/06/2009 13:18
Segundo nota publicada no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), o crime aconteceu em 2 de fevereiro de 1993. Segundo o processo, Laércio foi morto com um tiro nas costas e Leonardo, que sobreviveu, foi atingido na mão. “O motivo do crime teria sido um furto na chácara do acusado, no condomínio Sobradinho dos Melos.”
Na época, Curió teria reunido um grupo para executar os menores, entre os participantes estavam dois de seus filhos. Ainda no processo consta que na tarde anterior ao crime, os irmãos foram perseguidos e na madrugada surpreendidos. O sobrevivente chegou a ser levado à chácara para dizer onde escondeu os objetos furtados.
Segundo a nota, Sebastião Curió não negou a autoria dos disparos, mas disse que tudo foi feito em legítima defesa. “Ele vai responder por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e emprego de recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa do ofendido (art. 121, § 2º, incisos I e IV) e, ainda, por lesão corporal (art. 129), segundo o Código Penal. A pena varia de 12 a 30 anos de prisão.”
Guerrilha do Araguaia
Sebastião Curió, aos 74 anos, que já havia reconhecido a morte de 59 guerrilheiros do Araguaia, ficou conhecido pela guerra suja que impôs aos militantes do PCdoB que resistiam com sucesso às investidas dos militares.
Segundo uma série de reportagens de Eumano Silva e Ronaldo Brasiliense, no Correio Braziliense, com um trabalho de inteligência liderado por Curió, o Exército conseguiu aniquilar a guerrilha no Sul do Pará.
“Numa primeira fase, haviam (os guerrilheiros) conseguido importantes vitórias sobre os militares, que decidiram mudar de estratégia. E foi após um demorado trabalho de inteligência que o Centro de Informações do Exército (CIE) conseguiu, à base da tortura em presos, identificar os principais responsáveis pelo foco guerrilheiro instalado pelo PCdoB”, diz o texto dos jornalistas.
Curió chegou à região com o codinome de Marco Antônio Luchini para montar uma rede de informantes em todo o Araguaia. “Sua estratégia mais bem sucedida foi a montagem de biroscas para o fornecimento de alimentos e munição ao longo do rio Araguaia, onde obtinha valiosas informações.”
O filho de Curió, Sebastião Curió Moura Júnior e mais Antônio César Nóbrega de Moura, João Bosco Fragorge e Erycson Boueri Coqueiro, que já haviam sido denunciados pela participação no crime, foram julgados e absolvidos.
De Brasília,
Iram Alfaia