Audiência discute mudança na assistência ao parto na Bahia
Sob a constatação de que o município de Salvador não dispõe de uma maternidade sequer e apresenta um alto índice de mortalidade materna, aconteceu na quarta-feira (9/06), no Centro Cultural da Câmara, o Ciclo de Audiências Públicas sobre a Saúde da Mulher
Publicado 11/06/2009 23:12 | Editado 04/03/2020 16:20
Palestrante convidada, a médica Daphne Rattner, da Área Técnica da Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, traçou um panorama sobre o parto na Bahia, apontando como sérios problemas o acesso ao pré-natal e à vaga em maternidades, além da qualidade do atendimento às gestantes. Segundo ela, somente a partir de 2008 o Ministério da Saúde (MS) baixou portaria determinando a obrigatoriedade de notificação e investigação dos óbitos maternos declarados e presumidos.
Ela citou como prioridades do Governo Federal a expansão da agricultura familiar, registro civil e combate ao analfabetismo, com focos na Amazônia Legal e no Nordeste, área de maior incidência da mortalidade materna. Destacou a portaria 399/2006, do MS, que estabeleceu o Pacto pela Saúde e envolve os pactos Pela Vida, Pelo SUS e Pela Gestão.
Rattner apontou como “90% evitáveis” os casos de mortalidade materna. Entre os fatores que causam o problema estão: condutas clínicas inadequadas, negligência, carência de leitos obstétricos e a falta de qualidade da assistência hospitalar. Ela revelou a ocorrência de 194 mil partos na Bahia, 30 mil dos quais em Salvador, com base em levantamento de 2006, lamentando o alto índice de 72 mortes em cada 100 mil nascidos vivos. A palestrante criticou, ainda, a falta de cobertura no pré-natal, que estipula um mínimo de seis consultas durante a gravidez, ainda não alcançados.
Ela questionou, ainda a falta de cobertura do PSF, em Salvador, de apenas 7%, o que dificulta a implementação de qualquer política de saúde. Além disso, cobrou os objetivos que o estado e o município têm definido a atingir. Do mesmo modo, disse que falta cobrança das ações dos gestores. Para ele, a Bahia é um dos estados que menos requisita e aplica as verbas públicas destinadas á saúde, notadamente às dirigidas à saúde da mulher.
O evento contou com as participações de entidades vinculadas a questões de interesse da mulher, representantes das secretarias estadual e municipal de Saúde, da Sogiba-Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia, SindMed, SindSaúde, diretores das maternidades Climério de Oliveira, Iperba, ONG Amigas do Parto, Centro de Referência Loreta Valadares, UBM de Salvador e de Simões Filho, FABS e associações de bairros, além de estudantes, professores e diretores de escolas de Enfermagem.
Da Ascom do Gabinete da vereadora Aladilce Souza