Chuvas no Ceará foram 59% acima da média histórica

Não chovia tanto no Ceará desde 1985. A explicação para o fenômeno durante a quadra chuvosa deste ano vem do Oceano Atlântico, aponta a Funceme

Choveu 59% a mais que a média histórica, no Ceará, durante a quadra chuvosa deste ano (de 1º de fevereiro a 31 de maio), destaca a Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funceme). No relatório sobre o período – apresentado, ontem, à imprensa -, todas as regiões do Estado, do Litoral Norte ao Sertão Central e Inhamuns, registraram precipitações acima da média. “Desde 1985, não se tinha um ano tão chuvoso quanto esse de 2009”, sublinha David Ferran, chefe do Departamento de Metereologia da Funceme.


 


Ferran compara: a média histórica do Ceará é de 622 milímetros e, entre fevereiro e maio deste ano, foram observados 986 milímetros em precipitações. A média histórica é um referencial pluviométrico calculado a partir dos últimos 30 anos. A pré-estação chuvosa, de dezembro de 2008 a janeiro de 2009, já dava sinais de um tempo bom para chover, acrescenta o especialista, com valor 26% superior à média histórica do período.


 


Durante a estação chuvosa, o Litoral Norte do Estado teve o maior desvio: 82% a mais (1.421 milímetros observados) que a média histórica (779 milímetros) da região. Mesmo no Cariri, onde se registrou a menor variação, observa Ferran, choveu 36% acima da média.


 


As chuvas que inundaram os sertões do Ceará vieram do Oceano Atlântico, aponta David Ferran. Elas foram provocadas pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). A ZCIT, explica o especialistas, é formada pelo encontro dos ventos alísios (comuns nas regiões tropicais) do norte e do sul, no Oceano Atlântico. A zona pode se deslocar, “empurrada” pela temperatura da superfície do mar. Quando a temperatura é mais quente no sul e mais fria no norte, como ocorreu, principalmente, entre março e abril deste ano, a ZCIT se aproxima do Nordeste do Brasil, causando chuvas mais intensas.


 


“O período chuvoso principal já passou”, contrapõe David Ferran. “A recorrência de enchentes não deve mais acontecer (no segundo semestre). Agora, já passa a predominar o sol”, prevê, considerando apenas chuvas esparsas no litoral
do Ceará.


 


E mais:


 


> De acordo com a Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funceme), em fevereiro e março, choveu, acima da média, no litoral. No Interior, predominaram chuvas abaixo da média.


 


> Nos dois últimos meses da estação chuvosa, choveu, acima da média, em todas as regiões cearenses. Em algumas delas, os valores dos índices pluviométricos superaram em 100% a média histórica.


 


> As chuvas de 1985, igualmente acima da média histórica do Estado, foram provocadas também pelo La Niña. Nesse caso, além da Zona de Convergência Intertropical do Atlântico, houve alteração da temperatura do mar no Pacífico.


 


> A Funceme calcula a média histórica do Ceará considerando os anos entre 1978 e 2008. E conclui: chuvas acima da média são aquelas que registram, durante a quadra chuvosa, precipitações superiores a 600 milímetros.