Novartis não distribuirá vacina contra gripe suína a pobres
A multinacional do ramo farmacêutico Novartis se nega a distribuir vacinas gratuitamente entre as camadas mais pobres da população mundial, apesar de um pedido nesse sentido feito pela Organização Mundial da Saúde.
Publicado 16/06/2009 21:04
As declarações foram feitas ao jornal britânico Financial Times pelo conselheiro da empresa, que disse também que o grupo farmacêutico suíço poderia estudar a possibilidade de reduzir o custo dessas vacinas para os países de baixa renda, mas não está disposta a garantir algum tipo de gratuidade à vacina.
“Se alguém pretende que a produção (de medicamentos) seja sustentável, há de criar incentivos financeiros”, disso Vasella, que completou dizendo que devem ser os próprios países em desenvolvimento ou os países ricos, com seus programas de ajuda, os que devem pagar as vacinas.
As palavras do empresário suíço fazem supor um cutucão, segundo o diário britânico, à diretora-geral da OMS, Margaret Chan, que declarou na semana passada que a gripe suína (ou influenza A, H1N1) representava uma pandemia e pediu à indústria farmacêutica “solidariedade” com os pobres.
A negativa da Novartis aponta para uma divisão dentro do setor farmacêutico. O laboratório britânico GlaxoSmithKline comprometeu-se a distribuir gratuitamente entre os pobres até 50 milhões de doses de sua vacina contra a gripe.
Outros produtores, mais modestos, dos países em desenvolvimento, querem também distribuir gratuitamente cerca de 10% da sua produção.
Segundo Vasella, uma proporção “importante” das existências de vacinas de Novartis já foi reservada por alguns governos, o que pode gerar problemas de abastecimento, inclusive entre os países mais ricos, que podem pagar o custo da vacina.
Vasella estima o custo de uma dose entre US$ 10 e US$ 15, no caso de pedidos importantes e um pouco mais se os pedidos forem de menor volume ou se chegarem mais tarde.
Enquanto isso, os Estados Unidos compraram vacinas da Novartis por um total de US$ 289 milhões, embroa esse país tenha ainda de aprovar o uso da vacina.
A Novartis é proprietária do Chiron, um laboratório dos EUA que, na última sexta-feira (13), assegurou ter se convertido no primeiro em desenvolver vacinas graças a uma técnica acelerada de base celular, em lugar de recorrer à produção tradicional em ovos.