Terceiro mandato de Lula é aprovado por 54% no ES

De acordo com pesquisa encomendada pela Rede Gazeta ao Instituto Futura, a maioria dos capixabas (54%) aprova a ideia, contra apenas 36% que a reprovam. O levantamento foi realizado na última terça-feira (09/06/2009).


 


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O curioso é que, espontaneamente, somente 38,1% garantiram que estão acompanhando o debate em torno da proposta. Mas 67% dos entrevistados concordam que quatro anos é um período muito curto para o mandato de presidente da República, enquanto só 33,1% discordam.


 


Entre os que não estão acompanhando o debate, destacam-se as pessoas de nível fundamental de ensino (73%) e com rendas mais baixas (73%). Em contrapartida, é exatamente nessas faixas que se concentram os que se dizem a favor da segunda reeleição: 67% das pessoas com ensino fundamental e 61% entre as classes D e E (até R$ 930,00).


 


Para o cientista político e diretor da Futura, João Gualberto Vasconcellos, todos os elementos aferidos pela pesquisa reafirmam a extrema popularidade do presidente neste momento. ''Lula demonstra forte passagem em todos os setores sociais, com predominância nas classes D e E. É um candidato forte dos setores populares, mas não só dos setores populares.''


 


Outros cargos 


 


A sólida popularidade do presidente é confirmada por outros dados da pesquisa. A aprovação do capixaba ao terceiro mandato não se estende aos outros cargos eletivos. Apesar de a maioria ser a favor do terceiro mandato para a presidência, 56,4% pensam que a regra não deveria valer para os demais cargos, como prefeito, vereadores, governadores, deputados e senadores. 64,4% disseram que votariam em Lula caso ele tentasse o terceiro mandato, mais do que o dobro dos que disseram que não votariam nele (31,6%). Essa intenção de voto é maior no perfil em que a popularidade do presidente se destaca: rendas D e E (71%), e escolaridade fundamental (77%).


 


O Instituto Futura realizou 402 entrevistas em Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, com cotas preestabelecidas por faixa etária, sexo e município de moradia. A margem de erro é de 4,9 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.


 


Popularidade do presidente atinge 64% entre capixabas


 


O levantamento da Futura comprova outro fato que vem se consolidando em pesquisas anteriores: a figura do presidente Lula, de certo modo, se tornou ''maior'' do que o próprio governo, como revelam seus índices de aprovação pessoal.


 


50% dos moradores consultados avaliam o Governo Federal como bom ou ótimo, ao passo que 10% o avaliam como ruim ou péssimo. Quando a avaliação é especificamente sobre o desempenho de Lula, a aprovação é ainda maior: 64,9% entendem que ele é bom ou ótimo, enquanto 11,9% entendem que ele é ruim ou péssimo.


 


Por outro lado, embora baixa, a rejeição ao presidente também é maior do que a rejeição ao governo: 12,6% contra 11,5%, considerados os entrevistados que responderam ''ruim'' ou ''péssimo''. Nesse quesito, os moradores com nível superior de ensino e renda mantêm rejeição maior tanto a Lula quanto ao governo. No caso do presidente, a reprovação nas classes A e B é de 30%; entre as pessoas com ensino superior, chega a 24%. Já o governo é reprovado por 21% das pessoas com renda mais alta e por 18% daquelas com diploma.


 


O cientista político João Gualberto Vasconcellos destaca que a popularidade de Lula está ancorada sobretudo nas classes D e E e com menor grau de escolaridade, mas, de acordo com a pesquisa, também já se faz sentir no segmentos A, B e C e com maior instrução, graças à transferência de renda e à formação da ''nova classe média'' durante o governo Lula.


 


Pré-candidata do presidente à sucessão, a ministra Dilma Rousseff (PT) teria hoje o voto de 35,3% dos respondentes, contra 52,2% que não votariam nela. As opiniões se dividem quanto à possível influência, sobre a candidatura, do anúncio de que a ministra está se tratando contra um câncer: 41% acreditam que a notícia não afetará em nada; 28,9% consideram a notícia negativa; e 21,4% a consideram positiva para os planos de Dilma.


 


PEC prevê referendo em setembro


 


No último dia 4 de junho, o deputado federal Jackson Barreto (PMDB-SE) protocolou na Secretaria Geral da Câmara dos Deputados a PEC que institui o terceiro mandato para chefes do Poder Executivo, desde que a mudança na Constituição seja aprovada pelos brasileiros em referendo que seria realizado em setembro de 2009 – portanto, em tempo hábil para mudar a regra eleitoral antes do pleito de outubro de 2010. Para isso, o deputado conseguiu colher 176 assinaturas válidas de outros deputados (o mínimo exigido são 171). Metade das bancadas de PT e PMDB assinou a proposta.


 


A Secretaria Geral encaminhou a PEC para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), à qual compete analisar se o projeto é ou não constitucional. Após essa votação, se aprovada, a proposta será analisada em uma comissão especial antes de seguir para votação em dois turnos no plenário. Para ser promulgada, a PEC precisa de aprovação em dois turnos também no Senado.


 


A oposição se mobiliza para anular a tramitação da matéria, e o líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), chegou a pedir o seu arquivamento, negado pelo presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP). Na última quarta-feira, a CCJ designou o deputado José Genoino (PT-SP) como relator da PEC. A ele caberá analisar se a proposta é admissível. Michel Temer já garantiu a tramitação normal da matéria.


 


DataFolha mostrou o país dividido


 


O resultado da pesquisa Futura na Grande Vitória ES chama ainda mais atenção porque o apoio dos capixabas ao terceiro mandato supera a tendência mapeada entre a população brasileira em recentes pesquisas de institutos nacionais. No dia 31 de maio, por exemplo, o jornal Folha de S. Paulo publicou pesquisa realizada no Brasil inteiro pelo Instituto DataFolha, em que o terceiro mandato para presidente dividia o país: 47% aprovavam a ideia, ao passo que 49% a reprovavam. Apesar de levemente inferior ao de reprovação, o índice de aprovação era muito maior do que o registrado em novembro de 2007 (31%). Também era maior do que o índice de aprovação do terceiro mandato para governadores (38%) e para prefeitos (35%).


 


Análise


João Gualberto Vasconcellos , Cientista político


O cientista político e diretor do Instituto Futura João Gualberto Vasconcellos chama a atenção para o capital político acumulado pelo presidente Lula e revelado pela pesquisa, o qual, segundo ele, tende a se reverter numa elevada capacidade de transferência de votos.


 


''Está claro que Lula tem forte capital político para transferir'', diz ele, destacando dois detalhes: 25,1% responderam que votariam em qualquer candidato a presidente indicado por Lula. Já 35,3% afirmaram que votariam na candidata que hoje tem o apoio dele, Dilma Rousseff, contra 52,2% que disseram o contrário.


 


''Alguns dirão que é pouco, mas estamos a mais de um ano do início da campanha, e ele já conseguiu transferir mais de um terço de votos. Há um ano, Dilma era uma ilustre desconhecida. Lula está muito à vontade para fazer o sucessor dele, e, se depender dos capixabas, Dilma vai chegar pelo menos ao segundo turno'', analisou.


 


Em todo caso, afirma Vasconcellos, uma conclusão é certa: a discussão acerca do terceiro mandato inevitavelmente fortalece Lula, mesmo que ele de fato não queira ser candidato. Isso porque, ao colocá-lo permanentemente na mídia, o debate faz com que o petista amplie o seu capital político, o que tende a favorecer sua capacidade de transferir votos para o candidato à sucessão.


 


Fonte: Gazetaonline.