Pesquisa de petróleo no CE terá investimento de R$ 30 mi

Em julho ou agosto deverá ser realizada a licitação para a empresa que fará os trabalhos de prospecção

Uma cifra que pode variar entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões será investida, ainda este ano, para estudar novas áreas em solo e litoral cearenses onde pode haver a ocorrência de petróleo e gás.


 


O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, informou que os projetos para estas pesquisas já estão prontos e já há disponibilidade financeira para as atividades que, afirma, devem começar já no segundo semestre. Em julho ou agosto deverá ser realizada a licitação para a empresa que fará os trabalhos, que vão se estender a duas bacias localizadas em território cearense: a do Ceará e a de Araripe. O Diário do Nordeste já havia antecipado, na edição do dia 25/4/2009, a determinação do órgão em pesquisar estas áreas. O processo de levantamento geoquímico deverá ser concluído em alguns meses, segundo explica Lima, que realizou palestra ontem na Universidade Regional do Cariri sobre o assunto. ´Esta é uma oportunidade muito grande para o Ceará, principalmente porque tem construção de refinaria no Nordeste e projeto para realizar interligação de gasodutos na região. Garantindo uma maior produção de petróleo e gás aqui, eles podem ser utilizados nestes projetos´, explica.


 


Segundo o diretor-geral da ANP, caso sejam identificadas as ocorrências, novas áreas poderão já entrar no próximo leilão da agência.


 


A maior parte dos recursos destinados ao Ceará será destinada a obter um maior aprofundamento do conhecimento sobre a Bacia do Ceará, com a coleta de assoalho oceânico para identificar e caracterizar a presença de geração de óleo e/ou gás. Atualmente, já existe exploração na bacia através de quatro campos, localizados no litoral do município de Paracuru. Os 26 poços de pequena produção nestes campos produziram 1,8 milhão de barris no ano passado.


 


Agora, a ANP quer estender o conhecimento sobre a bacia para o oeste, pegando todos os municípios até chegar no Estado do Piauí. Para isso, serão destinados aproximadamente R$ 20 milhões.


 


Os poços marítimos cearenses são localizados tanto em águas rasas (até 50 metros de profundidade) quanto profundas. ´A produção em águas rasas está sendo bastante questionada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que pressiona para que estas áreas não sejam mais leiloadas´, aponta Lima. De acordo com ele, por esta razão, os estudos na bacia serão focados para águas profundas.


 


Já a Bacia do Araripe, que nunca foi explorada ou profundamente estudada pela ANP, entra desta vez no Plano Plurianual de Geologia e Geofísica da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A bacia, localizada em faixa terrestre, na região sul do Estado e englobando o Cariri cearense e os estados de Pernambuco, Piauí e Paraíba, terá cerca de R$ 10 milhões para coletar 2.000 amostras de solo, com as quais fará análises laboratoriais e interpretação de dados geoquímicos.


 


Apesar de já estarem garantidas estas pesquisas, Haroldo Lima admite que existem dificuldades na exploração nesta região. ´O local é visto como sensível, e é uma Área de Proteção Ambiental´, justifica. Segundo ele, a ANP considera que a Bacia do Araripe é uma extensão da Bacia Rio do Peixe, localizada na Paraíba e onde foi descoberto petróleo, já sendo, inclusive, explorado. ´Ela tem a mesma lógica da formação do Rio do Peixe. Já temos esta conclusão há tempos, não temos dúvida de que é a mesma bacia. Resta saber até onde ela se estende´, explica.


 


O dretor-geral da ANP afirma que ainda há pouco conhecimento e exploração das bacias terrestres no Brasil, por isso é importante investir em áreas como a do Araripe.


 


´São 29 bacias terrestres no País, e o grau de levantamentos e estudos nelas é de 7% a 8%. Hoje, estamos presentes, com exploração e produção, em apenas 3% a 4% destes territórios. Isso é muito pouco, temos que aprofundar estudos e prospecção´, levanta o diretor.


 


Incentivo a pequenos


 


De acordo com Haroldo Lima, a manifestação de óleo e gás nestas áreas pode ser pequena, média ou grande. Sendo grande, atrai-se o interesse de grandes empresas exploradoras. ´Mas não podemos trabalhar só com o que interessa à grande empresa, mas também às pequenas e médias. Há no mundo centenas e milhares de pequenas empresas trabalhando na exploração´, defende Lima. Atualmente, existem 72 empresas exploradoras de petróleo e gás no Brasil sendo cerca de 30 delas de pequeno e médio portes, conclui.