Dirceu reclama de precipitação eleitoral do PT paulista
O ex-ministro José Dirceu, que tem base política consolidada em São Paulo, reclamou publicamente, através de seu blog, da postura adotada pela maioria da bancada petista na Assembléia paulista que publicou nota em apoio ao prefeito petista de Osasco, E
Publicado 01/07/2009 20:46
Veja abaixo a íntegra do comentário do ex-ministro:
PT: se não discutimos aliado, como pedir apoio?
Com o manifesto de 15 dos 19 deputados estaduais apoiando a candidatura do prefeito reeleito de Osasco, Emídio de Souza, um dos melhores do Estado, o PT de São Paulo, temo, pode estar caminhando para ter uma candidatura prematura e ficar isolado na disputa de 2010.
Parece que não aprendemos nada com os erros do passado – nem aqui em São Paulo, inclusive – e continuamos como se não governássemos o país e não fôssemos o partido mais votado para a Câmara dos Deputados em 2002 e 2006.
Essa nota da bancada, tornada pública essa semana, se não viola a posição da executiva estadual e a orientação da nacional – cujas deliberações são no sentido de que as secções regionais do partido não podem tomar posições públicas que firam diretrizes estratégicas nacionais para 2010 – passa por perto. E, sem dúvida, busca consolidar não só uma candidatura petista ao governo, como já indica quem será esse candidato.
Com esse manifesto, em São Paulo vamos caminhando para a política de fatos consumados, internamente e com nossos aliados. Se não temos condições de nos aliar apoiando, ou mesmo aceitando discutir candidatos de outros partidos, como podemos pedir apoio?
Perdemos oportunidade de avançar em São Paulo
Com esse documento da bancada estadual em favor de uma candidatura já ao governo paulista, perdemos a oportunidade de criar em São Paulo uma mesa de articulação e de oposição com o PSB, PDT, PR e PCdoB para disputar os rumos do Estado e as bases do PPS, PV, PMDB, e mesmo do PTB e do PP. E de fazê-lo com uma chapa forte liderada por um candidato que seguramente, tudo indica, seria do PT.
Assim, deixamos de ocupar um espaço político de verdade, para nos dedicar à disputa interna – que pelo jeito já está decidida. Ocuparíamos espaço na mídia com debates sobre os 14 anos de tucanato e sobre nossas opções e propostas, além de mantermos na imprensa a presença de lideranças nacionais e dos prováveis candidatos, deputado Ciro Gomes (PSB-CE), Dr. Hélio, prefeito de Campinas pelo PDT, e os petistas, prefeito Emídio de Souza, deputados Antonio Palocci e Arlindo Chinaglia, e o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Além, claro, de nossas outras lideranças como os senadores Eduardo Suplicy e Aloísio Mercadante – candidato do PT à reeleição – a ex-prefeita paulistana Marta Suplicy e, por exemplo, entre outros, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luís Marinho.
Quero deixar claro que faço aqui uma análise, sob o meu ponto de vista, mas esclareço que não tenho nenhuma objeção à candidatura do prefeito Emídio de Souza, meu amigo e companheiro, que julgo ter todas condições para nos representar como candidato.
Mas, não é disso que se trata aqui e nesse processo todo, e sim se vamos conduzir ou vamos ser conduzidos – “non ducor duco”, como diz a bandeira de São Paulo.
Fonte: Blog do Dirceu ( http://www.zedirceu.com.br )