Forró Caju 2009 supera edição anterior
Ao reunir um público total de quase um milhão de pessoas em oito noites de shows e de muita animação, o Forró Caju 2009 chega ao fim com um saldo positivo. Embora reduzida à metade em função da política de contingenciamento de gastos adotada pelo municípi
Publicado 01/07/2009 17:49 | Editado 04/03/2020 17:20
A cantora Elba Ramalho, por exemplo, disse durante o show, na noite do dia 28, que o Forró Caju era atualmente o melhor evento junino do Brasil. “O Forró Caju é a melhor festa junina do país. Sou suspeita em falar isso, mas digo sem demagogia, porque é uma festa completa em todos os sentidos: estrutura, segurança, carinho e muita atenção com o artista por parte da organização. Sem contar que o público é maravilhoso, me recebe com um carinho e energia tão grandes que me deixa revigorada”, reconheceu.
Os turistas que não conheciam o Forró Caju se mostraram surpresos. “Nunca imaginei que a festa tivesse essa grandiosidade e tamanha organização. Estou muito impressionada com a segurança e a tranquilidade”, afirmou a turista de Belém (PA) Andréia Mascarenhas. A brasiliense Célia Rangel contou que no ano passado passou o São João em Campina Grande (PB), mas de tanto ouvir falar resolveu conhecer o forró da capital sergipana. “É a primeira vez que venho a Aracaju. Não tem nem comparação, é o melhor forró do Brasil', disse.
Para o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, a edição 2009 superou o ano passado e o número de pessoas que passou pela praça de eventos em cada noite comprova isso. “A média diária foi de mais de 100 mil pessoas. Em algumas noites tivemos até 150 mil forrozeiros celebrando nossa cultura. O Forró Caju tem o papel de valorizar as raízes nordestinas, por isso é uma festa tão importante e com grande aceitação”, ressaltou.
Shows
Com o slogan ‘Chamego que mexe com a gente', o Forró Caju 2009 teve uma programação que privilegiou os artistas sergipanos. Das 67 atrações contratadas para animar a festa, 50 foram locais, o que corresponde a quase 80% do total. Teve opção para todos os gostos, desde o forró tradicional de Santanna Cantador, até o forró eletrônico de Mastruz com Leite, passando pelo forró universitário das bandas sergipanas Zé Tramela e Xote Baião, o forró irreverente de Clemilda e Genival Lacerda e o ritmo contagiante da banda Calypso. A Orquestra Sanfônica de Aracaju se apresentou na primeira noite de festa e encantou o público.
Os shows aconteceram em dois palcos: o Luiz Gonzaga (principal), com dois palcos de 16 x 14 metros cada e 10 camarins ao todo; e o Gerson Filho (alternativo), com 12 x 12 metros e dois camarins para os artistas. Ambos foram equipados com sistemas de iluminação e sonorização de ponta, alimentados por quatro geradores, três com potência de 180 KVA e um de 450 KVA.
Marcas
A estrutura foi praticamente a mesma dos anos anteriores. Alguns elementos já são marcas registradas da festa e não podem faltar em nenhuma edição. É o caso do palco duplo, que permite que uma atração suceda a outra com um intervalo de tempo mínimo. O layout inédito é adotado há sete anos e fez tanto sucesso que várias cidades passaram a copiar.
“Repetimos essa receita de sucesso e a cada ano inovamos em vários aspectos porque queremos que a festa fique melhor sempre. Graças ao esforço de aprimoramento empreendido pela Prefeitura de Aracaju ano após ano, o Forró Caju deixou de ser um evento local para ganhar dimensão nacional”, afirmou o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju), Waldoilson Leite.
Outro elemento que não pode faltar no Forró Caju é o céu de bandeirolas, que colore a praça Hilton Lopes e dá um clima especial à festa. Este ano, foram utilizadas 800 mil bandeirinhas. O local também foi decorado com dezenas de balões iluminados. Segundo a artista plástica Lânia Duarte, responsável pela decoração, o tema este ano foi ‘Olha pro céu meu amor', uma referência a uma das mais famosas canções de Luiz Gonzaga.
Alternativas
Seis telões permitiram que os forrozeiros que estavam distantes do palco acompanhassem as apresentações dos cantores e das bandas que esquentaram as noites de festa. Alguns assistiram aos shows dos 12 camarotes da praça de eventos (entre eles um vip, no palco Luiz Gonzaga, com capacidade para 100 pessoas), outros optaram por ficar nos bares instalados no local da festa.
Como nos anos anteriores, idosos e pessoas com problemas de locomoção tiveram espaço reservado para assistir aos shows. Localizado em frente a um dos palcos principais, o Camarote da Cidadania garantiu conforto e segurança a dezenas de cadeirantes, cegos e outras pessoas que deixaram de lado as dificuldades para curtir o forró.
Foi o que fez Maria Terezinha Barreto, que logo na abertura da festa levou ao Forró Caju a filha Luciana Barreto Gonçalves, que é deficiente. “Eu já sabia do Camarote da Cidadania e me programei para que a gente não perdesse nenhuma noite. Como viemos no ano passado, sabia que o conforto seria garantido”, contou. O cadeirante José Andrade também aproveitou o espaço. “Vim para ver o show de Aviões do Forró, e hoje vou poder aproveitar a visão privilegiada”, comemorou.
Quem realmente não pôde ir à festa teve a oportunidade de acompanhar tudo pela internet, no hotsite especial do evento. Pela primeira vez, o Forró Caju teve transmissão on-line em tempo real, permitindo que pessoas de todos os lugares do mundo sentissem o clima dos festejos juninos da capital sergipana.
Economia
De acordo com estimativas da organização do evento, todos os anos o Forró Caju gera em média 1.700 empregos diretos, entre músicos, comerciantes, seguranças, operários responsáveis pela montagem da estrutura, técnicos de luz e som, entre outros. Além de quem trabalha diretamente na festa, outros profissionais também lucram com o evento, em especial aqueles ligados à cadeia produtiva do turismo, como donos de hotéis e pousadas, bares e restaurantes e taxistas.
Dados da Empresa Sergipana de Turismo (Emsetur) mostram que, em junho, Aracaju recebe em média 200 mil visitantes, a maioria atraída pelo Forró Caju. Grande parte vem de cidades e estados vizinhos e passam a temporada na casa de parentes e amigos. Desse total, cerca de 60 mil utilizam os serviços de hospedagem paga.
A vinda de turistas também beneficia profissionais que não trabalham com turismo, mas que estão direta ou indiretamente ligados às festas juninas, a exemplo de vendedores de fogos, comidas típicas, artesanato, roupas e calçados.
Outro impacto positivo é a divulgação do potencial turístico da capital, que repercute durante todo o ano. Os visitantes que vêm atraídos pelo Forró Caju voltam para suas cidades e lá ajudam a consolidar a cidade como importante destino turístico, o que acaba por atrair mais pessoas de todos os lugares do país e até mesmo do exterior.
Organização
Para garantir a organização do evento, a Prefeitura de Aracaju mobilizou todas as secretarias municipais. Um verdadeiro batalhão trabalhou antes, durante e depois da festa para que tudo saísse conforme o esperado. Diariamente, 75 agentes da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) executaram os serviços de varrição, recolhimento de lixo e lavagem da praça de eventos e arredores.
O ordenamento do comércio também ficou sob responsabidade da Emsurb. Ao todo, 150 agentes de fiscalização trabalharam para evitar que pessoas não autorizadas comercializassem alimentos, bebidas e outros produtos na praça de eventos. Centenas de vendedores se cadastraram, mas apenas 133 autorizações foram sorteadas. A limitação foi para assegurar a organização do espaço.
A Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) preparou um esquema especial para a festa e mobilizou 70 profissionais, entre agentes de trânsito, fiscais de transporte e instrutores. Com o apoio de treze viaturas, as equipes bloquearam os acessos à praça Hilton Lopes, ordenaram o trânsito, orientaram os condutores e operacionalizaram os pontos especiais de táxi e ônibus criados especialmente para facilitar a chegada e o retorno dos forrozeiros.
Além disso, educadores da Escola de Trânsito da SMTT distribuíram panfletos e adesivos educativos, alertando os motoristas sobre o perigo de misturar álcool e direção e a necessidade de respeitar as leis de trânsito e a sinalização das vias.
A Secretaria Municipal de Saúde mobilizou profissionais da Vigilância Sanitária, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Aracaju), e do Programa DST/Aids. No Ponto da Prevenção, montado ao lado do palco principal, foram distribuídos mais de 25 mil preservativos.
Quatro fiscais sanitários atuaram por noite para assegurar a qualidade dos alimentos e das bebidas vendidas na festa. Cerca de 30 profissionais do Samu, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, pessoal administrativo, zeladores e supervisores, passaram as noites a postos para atender casos de urgência.
A segurança do evento ficou a cargo da Polícia Militar, que atuou conjuntamente com a Guarda Municipal de Aracaju (responsável pela revista com detectores de metal), Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.
A PM mobilizou 350 homens. Na parte interna da praça de eventos, o efetivo trabalhou dividido em patrulhas com o auxílio de dez câmeras de monitoramento e 10 postos elevados de observação. Na parte externa, o policiamento foi reforçado com seis viaturas e 18 conjuntos da cavalaria.
Cobertura
Mais de 500 profissionais trabalharam na cobertura do Forró Caju 2009. Pela primeira vez, jornalistas do exterior vieram cobrir o evento. Uma parceria entre a Aperipê TV e a produtora argentina Zona Comunicación possibilitou gravações da festa entre os dias 22 e 29. O material será exibido nas emissoras públicas de países como Argentina, Venezuela, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Chile, México e Cuba.
Além dessa parceria internacional, quatro emissoras locais enviaram matérias para telejornais e programas das redes às quais são afiliadas. A cobertura especial também incluiu flashes, programas especiais e transmissões ao vivo para todo o Estado e também para o Brasil inteiro. Foi o que aconteceu durante o show de Alceu Valença, por exemplo, que foi transmitido pela TV Sergipe para todo o Nordeste. Nos dias 20 e 23, o Forró Caju foi transmitido pela TV Brasil para todos os estados que recebem o sinal da rede pública de televisão.
Emissoras de rádio, jornais e portais de notícias de todo o Estado também cobriram a festa. Jornalistas de São Paulo convidados pela Emsetur e pela Funcaju conheceram o Forró Caju e produziram matérias para seus veículos. “Estou maravilhado! Sempre soube que os festejos juninos no Nordeste são fortes, mas nunca imaginei que fosse desse jeito. Aqui em Sergipe o povo e o poder público fazem questão de manter a tradição e isso é muito bom para preservar nossa cultura”, declarou o repórter do Jornal da Cidade, de Jundiaí (SP), Josmar Tadeu Inácio.