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Pinotti, político conservador, ginecologista de vanguarda

José Aristodemo Pinotti, que morreu de câncer em São Paulo aos 74 anos, nesta quarta-feira (1º), não cabe em moldes simplificadores. O político Pinotti foi escorregando para a direita, terminando como deputado do DEM e secretário do prefeito Gilberto K

O melhor atestado disso é que depois de sua morte a Prefeitura de São Paulo planeja extinguir a Secretaria Especial da Mulher. Kassab fez o anúncio na mesma manhã do falecimento. A secretaria era uma pequena ilha rebelde de humanismo que incomodava a máquina administrativo-burocrática paulistana.



As militantes feministas brasileiras aprenderam a respeitar o médico que não relutava em se somar a elas na defesa de causas espinhosas mas necessárias, como a legalização do direito de aborto. Mais de uma militante da resistência, caçada pelo aparato repressivo, tiveram filhos no centro de excelência que era a Clínica Pinotti em Campinas, de graça e em segredo  (os filhos nasciam clandestinos!).



O velório de José Aristodemo Pinotti teve início às 11 horas no saguão do teatro da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O enterro está marcado para as 17 horas, no Cemitério da Consolação.



Entre os cargos que Pinotti ocupou estão os de professor titular e Chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Reitor da Unicamp, secretário estadual de Educação de São Paulo, secretário estadual da Saúde de São Paulo, Coordenador do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (Suds) do Estado, consultor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e presidente da Fundação Pedroso Horta. Ele deixou mais de 37 livros científicos e incontáveis apaixonados artigos debatendo políticas públicas de saúde.