Especialista descarta autoria do ETA em atentados na Espanha

Pável Zolotariov, vice-diretor do Instituto dos Estados Unidos e Canadá, da Academia de Ciências da Rússia, afirmou nesta quinta-feira (30) que os atentados ocorridos na cidade de Burgos e na Ilha de Maiorca não são obra da organização basca ETA, mas tem características de operação realizada por serviços secretos estrangeiros.

"Já que o ETA luta pela independência, não é conveniente assumir responsabilidades em atos desse tipo. Em minha opinião, neste caso, tivemos a ação de forças dos serviços secretos, provavelmente de algum outro Estado", disse Zolotariov à agência de notícias russa RIA Novosti.

"Para os especialistas é evidente que os serviços secretos tem contato com as organizações terroristas e grupos criminosos, porque estão na obrigação de infiltrar seus agentes e, às vezes, ocorre que é complicado estabelecer se certas ações foram obra dos serviços secretos ou de organizações terroristas" indicou Zolotariov.

Para fundamentar sua tese, o especialista citou o caso de Kossovo e as operações empreendidas nesse território pelos serviços secretos dos Estados Unidos e, outro caso análogo, quando a Índia denunciou a influência dos serviços secretos do Paquistão nos atentados terroristas ocorridos em 26 e 23 de novembro de 2008 em Mumbai.

"Algo similar pode acontecer na Espanha, mas não posso compreender por que razão isso acontece precisamente agora", ressaltou o especialista russo.

Segundo Zolotariov, a organização separatista basca nunca se caracterizou por sua ferocidade e, a seu ver, não há relação entre os atentados em Burgos e Maiorca com a comemoração dos 50 anos do ETA.

"Os atentados em questão não tem a ver com o aniversário de 50 anos da fundação do ETA (31 de julho de 1959), nem aos bascos nem à sua organização, estou seguro", sublinhou o especialista russo.

Dois guardas civis morreram e várias pessoas ficaram feridas por causa de uma explosão que ocorreu junto ao quartel da Guarda Civil em Palmanova, ilha de Maiorca.

Na quarta-feira, 64 pessoas foram feridas em consequência da forte explosão de um furgão que carregava uma bomba, próximo do quartel da Guarda Civil na cidade de Burgos, no noroeste da Espanha.