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Eleições 2010 marcam pauta do Congresso

Os trabalhos no Congresso recomeçaram nesta segunda-feira (3) de forma lenta. A crise no Senado atrai todas as atenções, com as disputas se acirrando entre tucanos e PMDB. Os parlamentares vêem na crise política uma prévia da disputa eleitoral que se avizinha. A oposição mira em Sarney porque sabe que ele é importante para o Presidente Lula, tanto na aprovação de matérias de interesse do governo no Senado como no apoio à sua candidata na sucessão presidencial.

Enquanto no Senado, a disputa se dá nos bastidores, com ameaça de ambos os lados de retaliações, na Câmara, os trabalhos começaram lentamente. O principal discurso da sessão plenária foi do deputado José Genoino (PT-SP). Ele falou sobre a disputa em 2010, assunto que deve pautar todos os discursos, ações e pelejas políticas daqui por diante.

Genoino fez uma avaliação positiva do Governo Lula, destacando a posição favorável do Brasil diante da crise econômica, e disse que em 2010 o que vai estar em jogo é a continuidade deste projeto ou a adoção de outro caminho, “representado pela velha e a nova direita, para estabelecer uma nova roupagem para paradigmas derrotados inclusive pela crise recente do capitalismo.”

Para o deputado petista, “a aliança entre PSDB, DEM e setores da sociedade e da mídia busca retomar o controle do País para, de maneira simulada, alterar este projeto estratégico que está mudando nosso País.”

Segundo ele, a disputa em 2010 será expressada pela luta de classe: de um lado, a oposição, que vai fazer tudo para retomar o comando do País, e os aliados que têm der fazer de tudo para continuar comandando o País. “Essa é a centralidade da disputa, o resto é perfumaria, é tangencial. Temos que centrar a eleição nessa questão estratégica para fortalecer a estratégia nacional, o projeto nacional.”

‘Mea-culpa’ e alianças

O parlamentar fez um mea-culpa do PT e defendeu as alianças com os partidos de esquerda – PCdoB, PSB, PDT – e o PMDB. “O PT já aprendeu a duras penas: quando ele se divide, perde; quando ele se isola, perde”, disse, avaliando que “essa busca legítima por parte da oposição de criar problema com os aliados que apoiam o Governo Lula é exatamente com a tentativa de isolar o PT.”

Diante da possibilidade da eleição da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, o deputado diz que não basta ter um excelente Governo e uma excelente candidata. “Temos que ter palanques fortes nos estados e tempo na televisão para falar do nosso bom governo”, destacando a necessidade das alianças com os partidos de esquerda — PCdoB, PSB, PDT — e também com o PMDB, um partido que, em torno de 20 Estados, ajuda o PT a construir palanques unitários para apoiar Dilma.

E sugere que o PT condicione os palanques estaduais à centralidade do palanque nacional. “Não estamos vivendo um momento de individualismo, nem de carreiras regionais. Estamos vivendo um momento de disputa estratégica, de projeto nacional”, alerta.

Na mesma linha de auto-crítica, Genoino disse que o PT tem que ter noção e saber ceder espaço para os aliados, ceder cabeça de chapa. “Acho que temos que abrir cabeça de chapa em vários Estados, fazer aliança, priorizando Senado e Câmara dos Deputados, e ter no centro dessa política eleitoral a eleição nacional. Isso não é uma política eleitoreira, nem apenas eleitoral, é uma política de disputa estratégica.”

De Brasília
Márcia Xavier