Entidades participam de seminário para Conferência de Comunicação

No último final de semana, entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, a Prefeitura de Fortaleza realizou um seminário de formação para a I Conferência Municipal de Comunicação. O evento aconteceu no auditório do Auditório do Instituto Municipal de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos (Imparh) e reuniu mais de 50 entidades dos movimentos sociais.

Entidades participam de seminário preparatório para a Conferência de Comunicação no Ceará

A mesa de abertura contou com as participações do Dr. Valton Miranda, Joana Dutra, Assessora de Comunicação Popular da Prefeitura e Jonas Valente do Coletivo Intervozes.

“Sabemos a importância dessa conferência para Fortaleza e é por isso que a Prefeitura, que tem uma gestão popular, toma essa iniciativa de dialogar com a sociedade para que tenhamos um debate com qualidade e possamos apontar novos rumos para uma comunicação democrática na cidade,” afirmou a Joana Dutra, Assessora do Núcleo de Comunicação Popular da Prefeitura de Fortaleza.

Ainda em seu discurso, a jornalista falou sobre as ações da gestão no que diz respeito à comunicação popular desde a implementação da Assessoria de Comunicação Popular em 2005, onde foi construída uma carta de intenções pelos movimentos sociais, que assumiu a partir de 2006 algumas demandas reivindicadas pelo campo popular.

Joana exemplos de ações como o incentivo e o acompanhamento de oito rádios comunitárias e três sites populares, também projetos juvenis de capacitação de comunicadores para trabalhar em jornais comunitários, o Vila das Artes que trabalha com jovens na área de audiovisual e agora com a criação do CUCA que contará com um núcleo de comunicação popular, ofertará curso de radialista, técnico em rádio, mídia para internet dentre outras atividades para a comunidade. O novo equipamento público será inaugurado dia 21 deste mês.

Joana reconhece que a prefeitura, mesmo com uma gestão de esquerda, ainda precisa fazer muito no que diz respeito à comunicação. “O movimento popular tem que se apropriar desse debate, reivindicar as mudanças e flexibilizar nos momentos certos,” enfatizou.

É preciso vencer o despotismo midiático

Psiquiatra e militante, Valton Miranda deu uma grande contribuição para o debate, lamentou a ausência do professor Venício a quem atribuiu ter uma bagagem maior sobre o tema.

Para Valton discutir comunicação no Brasil é algo que deve ir além dos equipamentos: é preciso compreender a estrutura midiática complexa. “Pode-se democratizar os equipamentos, mas se não interferir na cultura, o sistema capitalista se apropriará e usará de acordo com os seus interesses,” afirmou.

Durante sua intervenção fez referências a alguns episódios que a mídia teve papel fundamental, como a guerra do Iraque e o caso mais recente no senado. “A mídia apresenta os fatos fracionados, é tão corrupta quanto os seus representantes da classe dominante e para que ela tenha sucesso é necessário desgastar os governos de esquerda”, frisou.

Valton destaca a importância da democratização dos meios de comunicação também para desfazer a receita que torna o cidadão em um mero consumidor e para isso é preciso se contrapor a esse modelo hegemônico. “Não devemos ficar desesperançados com os inimigos que vamos enfrentar que é competente nas suas ações. Devemos criticar de forma consequente e discutir principalmente a cultura que está nos equipamentos para vencer o despotismo midiático”, enfatizou.

Da comunicação que temos a comunicação que queremos

O jornalista Jonas Valente, do Coletivo Intervozes, destacou a importância da sociedade dentro desse cenário que já nasceu disputado, onde setores da elite querem impor suas questões sem respeitar os movimentos sociais.

Para Jonas, a mídia cumpre o papel econômico que dá suporte a todo sistema de produção. Ele citou as redes de comunicação que fazem parte de todas as transações. Dentro dessa lógica, afirmou que falar de comunicação vai além de impresso e rádio, que a estrutura é de uma interconexão mundial e que está gerando uma mercantilização brutal. “Dentro desse contexto, o povo está excluído dos espaços de decisão e de criação das políticas públicas de acesso a comunicação”, destacou.

Jonas acrescentou ainda que “para o Intervozes, a comunicação deve ser encarada como um direito e não como negócio. É preciso garantir participação popular nesse processo. A Conferência não será a solução para os nossos problemas, mas envolverá a todos de igual para igual. O empresariado pressiona ameaçando sair do processo, mas os movimentos sociais continuarão defendendo o espaço democrático do debate,” acrescentou.

Durante dois dias os participantes puderam debater alguns temas da Conferência como convergência, mídia livre, rádio comunitária, legislação entre outros. Dos convidados para palestrar fizeram-se presentes Cristiane Bonfim (Sindicato dos Jornalistas), Sérgio Lira (ABRAÇO-CE), Everardo de Souza Leite (Gerente Regional – CE/PI/RN – da Anatel), Mauro Oliveira (ex-Secretário do Ministério das Comunicações) e Uirá Porá (Articulador da Ação Cultura Digital do Ministério da Cultura). O encontro encerrou-se no domingo a tarde com um Grupo de Trabalho que discutiu propostas de temário para a Conferência Municipal de Fortaleza,

De Fortaleza,
Ivina Carla (Acadêmica de Jornalismo)