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John C. Dvorak: O Google é inútil. E o Bing, idem

Uma das grandes notícias do mês passado foi a nova ferramenta de buscas da Microsoft, o Bing. Ninguém sabe por que ela recebeu esse nome, já que o termo não é muito interessante e não significa nada. O serviço se parece muito com o antecessor, mas agora tem uma imagem de fundo mais bonita e vários algoritmos de compras, que ajudam as pessoas a achar bons preços para produtos que pretendem adquirir online.

Por John C. Dvorak, na Info

O problema desse e de outros buscadores, inclusive o Google, é que eles não conseguem encontrar nada que já não seja muito popular. Eu gosto de desafiar as pessoas a usá-los para achar o melhor celular. Se você digitar “avaliação de celulares” ou "melhor celular" em um desses serviços, por exemplo, não encontrará análises relevantes: será inundado com sites que vendem aparelhos e apenas fingem avaliá-los.

Encontrar testes honestos e confiáveis é muito difícil. Os buscadores não vão ajudar. Para achar boas análises, você precisa descobrir um site que não faça nada além de avaliar produtos. É bom anotar o endereço, porque existe o perigo de não encontrá-lo mais depois de alguns anos.

Nos Estados Unidos, o melhor lugar para se ler avaliação de câmeras é o dpreview.com. Mas se você digitar no Google "melhor câmera Nikon", em inglês, o site não vai aparecer por páginas e mais páginas. Um link para a Amazon.com surgirá bem antes. O Bing não se sai melhor.

Esse tipo de problema é comum em todas as áreas. Quando você reclama, as pessoas tendem a culpar o site por não usar técnicas de otimização para aparecer melhor nos buscadores, o SEO. É uma lista de truques que devem ser usados para enganar serviços como o Google, com o objetivo de conseguir uma posição melhor no ranking. Então é preciso ficar brincando com a ferramenta para ela agir certo? Ela não deveria ser imune a isso e dar resultados honestos sozinha?

No fim das contas, o SEO funciona, mas tende a ser adotado por aqueles sites de avaliações fajutos que querem vender coisas. O resultado disso, no longo prazo, é óbvio: só prova que todos os buscadores são falhos. Algo deveria substituí-los. Mas o quê? Ainda não ouvi falar de nada que pudesse escapar das trapaças de SEO.

Tenho muita esperança em sites especializados com conteúdo gerado pelo usuário. Isso inclui a Wikipedia, apesar de suas informações quase sempre parciais e sem exatidão. Há também um site interessante de avaliações, o Yelp!, que consegue mostrar avaliações confiáveis e aprofundadas. Usuários podem vetar análises se acharem que foram escritas por um lunático.

Hoje, com a internet, ficou mais fácil de encontrar informações do que antigamente, quando você tinha que ir a uma biblioteca e pedir livros para consultar. Mas o método não é mais tão eficiente quanto o do passado, e não há evidências de que isso vá melhorar. Na verdade, pode ocorrer o contrário. À medida que o número de páginas continua a crescer rumo ao infinito, mais e mais informações perdem-se para sempre.

Estamos criando uma Torre de Babel, uma bagunça sem fim que não vamos conseguir arrumar a não ser que mudanças fundamentais na estrutura da web sejam feitas logo. Enquanto isso, jamais vamos descobrir quem fabrica os melhores celulares. Ai, ai…