PT assume posição e evita desarquivamento de ação contra Sarney
O PT contrariou as expectativas da oposição no Senado que contava com o voto dos três senadores do partido para desarquivar ao menos uma ação no Conselho de Ética contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Dos 15 parlamentares do colegiado, nove rejeitaram nesta quarta (19) o desarquivamento das 11 ações contra Sarney. Os petistas João Pedro (AM), Ideli Salvatti (ES) e Delcídio Amaral (MS) seguiram a orientação partidária que vê por trás da crise a disputa eleitoral em 2010.
Publicado 19/08/2009 20:06
Após rejeitar o desarquivamento de todas as ações contra Sarney, entre denúncias e representações, o plenário decidiu, por unanimidade, não desarquivar a representação contra o líder tucano Arthur Virgílio (PSDB).
A posição assumida pelo PT já era do conhecimento de todos no colegiado. Coube ao senador João Pedro a leitura de uma nota assinada pelo presidente nacional do partido, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), para justificar que ali estava sendo tomada uma posição partidária.
Na nota, o presidente ressaltou que a crise política pela qual passa o Senado tem raízes em “práticas administrativas inaceitáveis”. Defendeu a reformulação na gestão da Casa e apuração das irregularidades que envolvem servidores e parlamentares, o que, segundo ele, já está sendo investigado pelo Ministério Público e Polícia Federal.
Disputa eleitoral em jogo
No trecho principal, o PT marca posição: “No entanto, não podemos ignorar que essa mesma crise é alimentada pela disputa política relacionada às eleições de 2010. A forma como as denúncias concentram-se no presidente do Senado, José Sarney, não deixa dúvidas de que, mais que apurar e reformar, a pretensão é incidir nas relações entre partidos, que apoiam o governo ou que podem constituir alianças para as eleições nacionais e estaduais do próximo ano.”
Também Foram feitas críticas ao fato de que ilegalidades graves por parte de parlamentares e partidos são ignoradas e minimizadas. Segundo o documento, tudo é concentrado no presidente da Mesa, “como se ele tivesse responsabilidade exclusiva pelos problemas de todo o Senado.”
Ficou evidente o desgaste do líder do partido na Casa, Aloizio Mercadante (SP), que deveria ler o documento, mas desistiu. Ele já havia defendido o voto favorável dos senadores do partido pelo menos na abertura de uma ação contra Sarney. Também negou-se a substituir os suplentes Ideli Salvatti e Delcídio Amaral por senadores governistas mais ligados ao presidente da Casa.
Com os campos definidos, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), colocou em bloco a votação das representações e denúncias contra Sarney. Nas duas ocasiões, votaram pelo desarquivamento Desmostenes Torres (DEM-GO), Marisa Serrano (PSDB-MS), Eliseu Resende (DEM-MG), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e Jefferson Praia (PDT-AM).
Votaram contra o desarquivamento: Wellington Salgado (PMDB-MG), Almeida Lima (PMDB-SE), Gilvam Borges (PMDB-AP), João Pedro, Inácio Arruda (PCdoB-CE), João Durval (PDT-BA), Romeu Tuma (PTB-SP), Delcídio Amaral e Ideli Salvatti.
Com a derrota, restou ao PSDB valorizar a absolvição do líder Arthur Virgílio. Tanto oposicionistas e até mesmo governistas elogiaram sua performance ao se defender das acusações na representação movida pelo PMDB.
De Brasília,
Iram Alfaia