Para Inácio, crise é política

Único senador cearense entre os 15 do Conselho de Ética, Inácio Arruda (PCdoB) foi um dos que votaram a favor do arquivamento de todos os processos contra José Sarney (PMDB-AP). O senador nega que isso signifique que ele faça parte da “tropa de choque” de Sarney. “Não sou da tropa de choque de ninguém. Sou do PCdoB e da base do governo”, afirma.

Para Inácio, a decisão pelo arquivamento de todos os 11 processos contra Sarney teve conotação política porque no cerne das denúncias sempre esteve a busca da oposição de atacar o governo Lula, com vistas às eleições de 2010. “Não jogamos para a plateia. Temos consciência política de tudo o que está em jogo, por saber do interesse de setores que estiveram no poder por muitos anos e agora querem voltar”, disse.

Para Inácio, a conotação política da crise foi evidenciada pela forma como a oposição buscou personificar apenas em Sarney todas as acusações sobre os atos secretos, que não eram de responsabilidade apenas dele. “Se fossem apenas as questões éticas que estivessem em jogo, o correto seria apurar caso a caso, mas não era. Temos que reconhecer que há uma batalha política, não somos ingênuos”, disse.

Ao ser questionado se seu posicionamento em favor de Sarney, que afinal representa uma oligarquia antiga no País, não poderia ser visto de forma negativa pela opinião pública, Inácio afirmou: “Eu já apoiei Tasso Jereissati no Ceará (em 1986). Se for ver, é a mesma coisa. Apoiamos o colégio eleitoral (com eleição indireta, em 1984), porque sabíamos que era necessário. Na batalha política, decisões têm de ser tomadas e quem está na base do governo tem que ter esse olhar”.