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Comunistas questionam Obama: onde está a reforma migratória?

O presidente Obama anunciou na semana passada que acredita que a reforma migratória pode ser iniciada no início do próximo ano. Isso seria atrasar a ideia original de discutir e legislar a reforma para este ano.

Por Emile Schepers, para o People's Weekly World

A culpa desta situação legislativa cabe principalmente ao Partido Republicano e à ultra-direita. Essa gente simplesmente não quer aceitar a expressão dos eleitores e tem uma estratégia de bloquear, a torto e a direito, todas as iniciativas do governo Obama, por meio de mentiras, calúnias e criar obstáculos.

O atual foco deste tipo de campanha é a reforma da Saúde. As companhias de seguros, farmacêuticcas e outras baseadas na saúde estão gastando milhares de dólares em uma gigantesca campanha de mentiras.

Pessoas da terceira idade estão recebendo propaganda dizendo que a administração Obama pode aplicar nelas a eutanásia.

A administração Obama não está muito interessada em realizar a reforma migratória neste momento. Muitos dos que estão envenenando o debate sobre a reforma da saúde, como Lou Dobbs, também envenenaram o ambiente com suas campanhas racistas contra os imigrantes.

Esses cães raivosos da TV a cabo pronto dirão que Obama quer matar as vovozinhas e dar os seus cheques do seguro social a criminosos estrangeiros.

Quiçá esta demora fosse inevitável, mas isto não significa que a situação atual é tolerável nem que temos de aceitar a situação atual, nem que o movimento pró-imigrantes não possa reclamara nada à adminitração ou ao Congresso.

Cada dia que passa, famílias imigrantes da classe trabalhadora enfrentam a realidade de um sistema migratório disfuncional. Embora, aparentemente, a secretaria de Segurança do Interior na administração Obama, Janet Napolitano, tenha suspendido a caça aos imigrantes sem documentos criada por Bush, isso não significa que não haja mais repressão aos imigrantes.

Janet anunciou que, em vez das buscas, serão feitas investigações mais agressivas dos documentos das empresas, para assegurar-se que não contratem trabalhadores sem documentos. O mal disso é que os patrões estão demitindo mais gente, usando o pretexto de que eles vão se "meter em problemas", que tem bastante tempo de trabalho e que lutam pelos seus direitos.

A realidade é que estas “sanções contra empresas” não ajudam em nada aos imigrantes, mas sim terminam ajudando a demiti-los ou criando condições ainda piores de trabalho.

Janet mudou as regras do programa 287g, que autoriza a polícia local a fazer cumprir certas leis migratórias, em coordenação com o ICE, a agência federal migratória.

As mudanças tinham a intenção de tratar as queixas de que se usa o programa para acossar e intimidar racialmente os latinos.

Janet também anunciou que levaria o programa para outros departamentos de polícia. Mas será difícil para a polícia que pare de deter e intimidar os latinos simplesmente porque são latinos.

Também é necessário recordar, nesse âmbito, o caso do professor Henry Louis Gates, que foi tomado pela polícia por ladrão em sua própria casa.

Outro aspecto a ser apontado é a capacidade de um policial de prender alguém por sua condição de imigrante, o que dá aos policiais corruptos outro poder sobre os imigrantes para assacar dinheiro, quando os imigrantes estão incapazes de mostrar uma prova de cidadania ou residência legal.

Esse tipo de extorsão dos imigrantes já dura décadas. Era comum ouvir várias histórias assim nos bairros latinos de Chicago. O programa denominado 287g apenas intensifica isso.

Enquanto existirem de 11 a 12 milhões de imigrantes sem documentos no país, eles serão vítimas de outros. Chefes que violam as leis sobre a jornada de trabalho e o salário mínimo ou as leis de segurança e saúde no trabalho. Ou que se negam a pagar salários pelo trabalho. Supervisores que tratam de extorquir as mulheres, obrigando que façam sexo com eles.

Donos de casas que violam as leis de moradia, donos de lojas corruptos e quadrilhas que roubam os imigrantes com facas ou armas de fogo, sabendo que não serão denunciadas à polícia por imigrantes sem documentos.

Autoridades locais, animadas por políticos demagogos, aprovaram leis locais que são dirigidas contra os imigrantes, para reprimi-los ou tratá-los de forma discriminatória.

Uma reforma integral das leis migratórias, que outorgue a legalidade à grande maioria dos sem documentos, colocará um fim a estas práticas, porque as leis federais tem prioridade sobre as leis que tratam de restringir os direitos das pessoas.

Os imigrantes nos centros de detenção, onde são colocados os imigrantes que cometem as menores violações, são tratados tão mal que estão realizando uma greve de fome em protesto. Mas, para que ter esses centros de detenção se a prometida legislação para normalizar a condição de imigrante está a caminho?

Seu medidas sadias e práticas para controlar o fluxo de imigrantes pobres, muitos continuarão morrendo no deserto de Sonora ou no Caribe, enquanto procuram chegar aos Estados Unidos. Deixando de lado todas as atrocidades que sofrem os sem documentos, só isso serviria já como uma questão de urgência para se discutir a reforma das leis migratórias do país.