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A derrota de Obama nas eleições afegãs

Os primeiros resultados parciais das eleições presidenciais afegãs, revelados pela Comissão Eleitoral Independente (constituida por três estrangeiros e dois afegãos) desmentem as previsões otimistas da Casa Branca.

Pelos editores do site O Diario.Info

Washington afirmou durante meses que a ida às urnas do povo afegão confirmaria o avanço da democratização do país, conferindo legitimidade ao regime instalado em Cabul.

Aconteceu o contrário. Contados 11 % dos votos emitidos, o presidente Hamid Karzai recebeu apenas 10 mil votos a mais do que o principal adversário, Abdullah Abdullah.

Os resultados definitivos somente serão divulgados em setembro, mas a esperança da maioria absoluta esfumou-se.

Não obstante terem sido mobilizados 300.000 soldados e policiais (100.000 estrangeiros) para "garantir a democraticidade do processo" somente votaram 5 dos 17 milhões inscritos nos cadernos eleitorais.

Essa percentagem oficial não merece aliás credibilidade. Segundo os enviados especiais das mídias ocidentais, o governo de Karzai montou uma gigantesca fraude.

As mulheres foram inscritas pelos maridos e pais e a venda de cartões de eleitor falsos a seis euros cada excedeu centenas de milhares.

Nos Estados Unidos as criticas, ultimamente insistentes, à estratégia de Obama para a Ásia Central – vão aumentar. A abstenção maciça do povo afegão configura uma derrota grave da sua politica para a região.

Ganhar a guerra no Afeganistão é uma prioridade nessa política.

Na tarde das eleições, após receber informações falsas, o Presidente qualificou-as de "êxito da democracia".

A chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Sarkozy e o primeiro-ministro britânico Gordon Brown apressaram-se a imitá-lo. Foi uma euforia prematura.

Nem sob a pressão das baionetas norte-americanas os afegãos deram o seu aval à grande farsa dramática promovida no seu pais pelo imperialismo.

No Pentágono, os generais começaram já a discutir as opções possíveis para uma situação que não haviam previsto. A ofensiva militar no Helmand fracassou, as baixas americanas e britânicas aumentam e os assessores de Obama temem que os ataques às tropas da Otan e dos EUA se multipliquem.

Se a lei eleitoral for cumprida, o segundo turno das eleições será em outubro. Ora tudo indica que a situação de caos irá aprofundar-se e alargar-se em quase todo o país.

O desaire da política dos EUA, secundados pelos seus aliados, é também um desaire para a Otan – que tem procurado arregimentar um exército multinacional para legitimar a sua intervenção militar e política no propósito de controlar a Ásia Central.