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Cine Mais Cultura chega a PE para democratizar o audiovisual

Pernambuco é o primeiro Estado brasileiro a implantar regionalmente o Cine Mais Cultura. As inscrições se iniciaram no dia 6 de agosto e devem se estender até o dia 6 de outubro deste ano. O projeto – que pretende democratizar e descentralizar a produção audiovisual do país – vai distribuir 60 kits para projeção e fornecer filmes nacionais da Programadora Brasil para exibições semanais.

O Cine Mais Cultura inetegra o Programa Mais Cultura e é coordenado juntamente com a Secretaria do Audiovisual, do Ministério da Cultura. No início do ano, na sua primeira etapa, o edital do programa, que tinha caráter nacional, contemplou 100 projetos, de 83 cidades, de 17 estados do País.

“Nós faremos parcerias como essa em todo o país. A nossa meta é chegar em todos os municípios brasileiros”, explicou a Coordenadora de Ações do Programa Mais Cultura do MinC, Mônica Monteiro.

Em Pernambuco o edital lançado pelo MinC, em parceira com a Fundarpe, vai contemplar 60 iniciativas de entidades privadas sem fins lucrativos que desenvolvam ou queiram desenvolver ações de exibição de obras audiovisuais e contribuir para a formação de plateias e o fomento do pensamento crítico, tendo como principal base obras audiovisuais brasileiras.

Os kits que os selecionados receberão dispõem de telão (4mx3m), câmera digital, aparelho de DVD, projetor, mesa de som de quatro canais, caixas de som, amplificador, microfones sem fio, além do acervo da Programadora Brasil – um programa da Secretaria do Audiovisual, responsável por um acervo de mais de 330 obras, dentre fimes históricos e contemporâneos, curtas e longas metragens de diversos gêneros.

Apenas 8,7% dos municípios brasileiros possuem salas comerciais de cinema, revela a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) de 2006, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Cine Mais Cultura é uma ação para promover o acesso da população a obras audiovisuais e apoiar a difusão da produção audiovisual brasileira por meio da exibição não comercial de filmes. A prioridade é atender localidades rurais e urbanas que não possuem cinema, localizadas nos Territórios da Cidadania e nas periferias dos grandes centros urbanos.

“Lançar os editais separadamente em cada estado brasileiro, respeitando as suas realidades, é imprescindível para ampliar a ação”, afirma Frederico Cardoso. Ele explica que após o processo de seleção, os 60 novos Cines pernambucanos passarão a existir em rede, levando à população obras audiovisuais brasileiras e incentivando o debates em torno das mesmas.

Capacitação 

Além de fornecer equipamentos e acervo, o Cine Mais Cultura realiza oficinas de capacitação cineclubista, com o objetivo de qualificar os participantes para a realização de programação, divulgação e debates das sessões; apoiar a formação dos oficinandos com introdução à história do cinema e linguagem cinematográfica; prestar informações sobre questões relevantes e atuais relativas à atividade exibidora, como direitos autorais e sustentabilidade. O trabalho é desenvolvido com apoio de um manual produzido em parceria com o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC).

Cineclubismo e movimento estudantil

O movimento estudantil brasileiro sempre teve uma forte relação com o cineclubismo. A experiência mais marcante foi o Cinema Novo, movimento marcado na história do cinema mundial que passou pelo CPC da UNE, com uma geração de jovens artistas que tinham nos cineclubes razão de ser, objetivo social e perspectiva coletiva.

Reorganizado há 12 anos, o movimento de cultura da UNE, apesar de sua nova roupagem, preserva e valoriza a relação histórica estabelecida entre o movimento estudantil e o cineclubismo.

O Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca)  da UNE reconhece a cultura e o audiovisual nacional como ferramentas para a educação e a transformação social, utilizando suas próprias produções – os cinejornais, realizados pela TV Cuca – como fomentadores da discussão sobre a imagem da juventude e do povo brasileiro no contexto em que estão inseridos, contribuindo como forte potencializadores de debates de interesse da sociedade.

Além de suas produções, o Cuca contribui com a difusão e exibição das obras nacionais e a produção audiovisual universitária. Dentre as principais experiências do programa audiovisual do Cuca, destaca-se projeto do Cine Cuca, que levou às universidades brasileiras produções nacionais recentes, além de premiadas produções universitárias. O projeto foi coordenado por agentes espalhados pelos 27 estados brasileiros. Já o Curta Cuca, foi uma iniciativa que premiou os 5 melhores curtas universitários no ano de 2007.

Com forte vocação para organização em rede, o Cuca pretende integrar o circuito dos produtores que participam do Cine Mais Cultura. Vale lembrar que a exemplo do que fez em Pernambuco, o MinC deve conveniar esse programa com órgãos de cultura de todos os estados brasileiros, o que certamente irá fortalecer a produção audiovisual do País e estimular o desenvolvimento de uma ampla rede.

Durante os anos de chumbo, o cineclubismo serviu de palco de articulação e resistência política. Hoje, além de buscar se organizar, como já se encontra em quase todos os estados brasileiros, o cineclubismo é cada vez mais, uma atividade reconhecida pelo Estado, possui um órgão representativo, como o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, o CNC, que participa ativamente do processo de elaboração de políticas públicas para o setor, nacionalmente, luta pela sua democratização e realiza as Jornadas Nacionais de Cineclubes, que em 2008 celebrou os 80 anos de cineclubismo no Brasil.

Com Blog do Cuca eMinC