Vejam com quem Obama anda jogando golfe
O início das férias do presidente Barack Obama em Martha’s Vineyard pareceu um dia usual de negócios, pois ele gastou cinco horas jogando golfe com Robert Wolf. Presidente do banco de investimentos UBS e do UBS Group Americas. Wolf foi dos primeiros a ajudar na campanha eleitoral de Obama; arrecadou US$ 250 mil para ele em 2006. Em fevereiro, o presidente nomeou-o para o Conselho Consultivo da Casa Branca para a Recuperação Econômica. Recuperação para quem?
Por Amy Goodman, no Democracy Now*
Publicado 30/08/2009 00:55
É interessante que Wolf tenha sido nomeado no mesmo mês em que o UBS, depois de chegar a um acordo, decidiu pagar US$ 780 milhões para livrar-se de acusações civis e penais por ter ajudado certas pessoas a sonegar impostos nos Estados Unidos.
Nada preocupante. O UBS, um estabelecimento bancário enfermo, com problemas desde antes, tinha um excelente plano de saúde. Recebeu uma injeção de US$ 2,5 bilhões através de uma operação de socorro disfarçada, derivada do resgate à seguradora gigante AIG. "Dá a impressão de estarmos simplesmente lavando dinheiro através da AIG", disse a senadora republicana de Maine Olympia Snowe. Na prática, o UBS, o banco que abriga os sonegadores endinheirados dos EUA, está sendo socorrido pelos sofridos contribuintes estadunidenses.
Antes conhecido como União dos Bancos Suíços, o UBS foi fundado há mais de um século. Seu êxito derivou das famosas leis de sigilo bancário da Suíça, que p[ermitem esconder dinheiro em "contas numeradas" impossíveis de rastrear.
As contas secretas suíças se converteram na forma preferida dos ricaços dos EUA para sonegar impostos. Em julho de 2008, um relatório do Subcomitê Permanente de Investigações do Senado estadunidense concluiu que "pelo menos entre 2000 e 2007 o UBS realizou um esforço concentrado visando abrir contas na Suíça para endinheirados clientes americanos, e empregou práticas que facilitavam – e efetivamente geraram – sonegação por parte de seus clientes nos EUA".
Como parte do acordo, o UBS concordou em fornecer ao governo dos EUA informações sobre seus clientes. Porém de um total de 52 mil contas o banco está liberando informação sobre cerca de 4.450 nomes.
Doug Shulman, encarregado do IRS (sigla em inglês do Serviço de Impostos Internos), disse num comunicado de imprensa: "Estamos recebendo um volume de informação sem precedentes sobre contribuintes que fugiram a suas obrigações fiscais escondendo dinheiro no exterior, no UBS".
O UBS comunicará a seus clientes que seus nomes podem estar entre aqueles enviados ao IRS, e este, por sua vez, mostrará indulgência para com os sonegadores que se entreguem voluntariamente até 23 de setembro. Mas os titulares das contas não saberão se seus nomes estão ou não na lista, de modo que aqueles em situação de maior risco podem permanecer calados, na esperança de que suas contas permaneçam secretas.
Na sexta-feira passada, enquanto Wiolf se preparava para jogar golfe com Obama, o informante e ex-executivo do UBS Bradley Birkenfeld foi condenado a 40 meses de cadeia por facilitar a evasão para o exterior de dinheiro através de esquemas do UBS, apesar de estar colaborando com as investigações federais, expondo os segredos do banco.
Encimando a entrada da sede do UBS em Zurique, existe um busto do deus grego Hermes [o Mercúrio dos romanos] – que é não apenas o mensageiro de pés alados do Olimpo, mas também o deus dos mercadores… e dos ladrões. O simbolismo é impressionante. Quer Wolf tenha ganhado ou não de Obama no golfe, o UBS claramente acertou de uma só tacada.
Fonte: http://www.democracynow.org