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Itália é acusada de negar ajuda e causar morte a refugiados

A Itália foi colocada contra a parede na terça-feira, durante o segundo dia de sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, quando a alta comissária das Nações Unidas para o tema, Navi Pillay, criticou a política do país para conter a imigração.

Embora não tenha citado o governo do direitista Silvio Berlusconi, Pillay evocou um episódio ocorrido em agosto na costa italiana, no qual um barco com dezenas de imigrantes eritreus ficou à deriva e não recebeu ajuda das embarcações que passavam. Apenas 5, de estimados 80, foram resgatados vivos.

"Supondo que os barcos em apuros levam imigrantes, os navios passam e ignoram seus pedidos de ajuda, o que viola as leis internacionais. Em muitos casos, as autoridades rejeitam esses migrantes e os deixam à mercê de dificuldades, quando não da morte, como se estivessem recusando navios com detritos tóxicos", declarou Pillay.

Com a criminalização da imigração, a maioria das pessoas deixou de socorrer os sem documentos, o que leva a casos como o citado por Pillay. "Os Estados têm a obrigação de respeitar, proteger e suprir uma série de direitos humanos de todos os indivíduos sob sua jurisdição, incluindo todos os migrantes", disse a comissária.

Segundo a Rádio das Nações Unidas, o comissário da agência da Acnur (Alto Comissariado para Refugiados)afirmou em agosto ter ficado chocado com relatos dos cinco eritreus sobreviventes.

Segundo o porta-voz da agência da ONU, Andrej Maheci, os sobreviventes disseram que cerca de 80 passageiros, a maior parte de nacionalidade eritreia, embarcaram num pequeno navio em Tripoli com destino à Itália.

Comida e água

Após três dias em alto mar, o barco ficou sem combustível. Alguns dias depois a comida e a água também acabaram.

De acordo com relatos dos sobreviventes, o navio ficou à deriva e os passageiros começaram a morrer. Os seus corpos foram atirados ao mar.

Durante todo o calvário, apenas um barco de pesca se aproximou da embarcação à deriva não oferecendo qualquer assistência, para além de pão e água.

De acordo com o Acnur, os cinco sobreviventes acabaram por ser socorridos pela guarda costeira italiana e levados para a ilha de Lampedusa, para tratamento.

Migrantes africanos

Em março deste ano, cerca de 300 migrantes africanos morreram afogados quando tentavam chegar à Itália em embarcações super-lotadas.

Segundo dados do Acnur, 36 mil africanos chegaram o ano passado à Itália em embarcações provenientes do Norte de África.

Da redação, com agências internacionais e Rádio das Nações Unidas