VITÓRIA SEDIA ENCONTRO ESTADUAL DE MULHERES NEGRAS

 Aconteceu nos últimos dias 4 e 5 de setembro o 1º Colóquio Estadual de Mulheres Negras – o Lugar da Mulher Negra na Geopolítica. “Refletindo sobre os desafios contra a pobreza e o racismo” – Mulheres de São Mateus, Linhares, Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, serra, Vitória, Vila Velha, entre outros municípios participaram do evento na capital do Espírito Santo, realizado no CMEI “Darcy Vargas” em Santo Antônio.

VITÓRIA SEDIA ENCONTRO ESTADUAL DE MULHERES NEGRAS - UnegroES

Buscar o olhar da mulher negra capixaba em relação a geopolítica do Estado foi o objetivo principal do colóquio, realizado pela União de Negros pela Igualdade – UNEGRO-ES – para celebrar os cinco anos da entidade no Estado e os 160 anos da Revolta de Queimados.

Diversas autoridades políticas, do movimento social, das entidades de classe, representantes de vários segmentos estiveram presentes na abertura do encontro. O Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social – SETADES – A Prefeitura de Vitória com a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos, a CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalharas do Brasil, o Comitê da Paz – Região Santo Antônio, o Bloco Carnavalesco Explosão do Novo Parque de Cachoeiro de Itapemirim, o CMEI “Darcy Vargas”, entre outras instituições apoiaram o evento.

O Secretário de Cidadania e Direitos Humanos de Vitória Eliezer Tavares saudou as mulheres e disse que a secretaria tem compromisso com a promoção da igualdade racial. O Presidente Estadual da CTB, na sua fala salientou que “para a central a emancipação da mulher é tão importante que a CTB traz em sua designação a igualdade de gênero”. Marcante foi também o depoimento de Gleimer Lisboa representante das mulheres negras portadoras de necessidades especiais “ser mulher negra não é fácil, ser negra e deficiente física muito mais, são muitos os obstáculos no dia-a-dia, é preciso superação”.

Na palestra de abertura foi abordado o tema; “A Participação da Mulher Negra na Formação do Povo Brasileiro” a Coordenadora Nacional de Trabalho e Renda da UNEGRO e Diretora do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro Mônica Custódio, chamou a atenção das mulheres para a necessidade da participação política das mulheres negras. “É preciso haver mais empoderamentro da mulher, no parlamento, nas assembléias, nas câmaras municipais, as mulheres estão sub-representadas, apesar de responderem por 52% do eleitorado”. Ressaltou ainda que as mulheres negras recebam 1/3 do salário de um homem branco, mesmo que ocupando o mesmo cargo ou função e tendo o mesmo nível de escolaridade, conseqüência do machismo e do racismo que estão engendrados na sociedade brasileira. Portanto, é imperativo políticas públicas que reduzam ás desigualdades.

“Se descobrir como negra é muito importante. E hoje Eu me descobri como negra”, declarou Débora Libanês estudante de assistência social na EMESCAN. Para Adriana Silva Coordenadora Geral da UNEGRO-ES, o colóquio capixaba de mulheres negras foi um indicativo do 1º Colóquio África e Diáspora – O papel da mulher negra na geopolítica – Realizado pela UNEGRO em Salvador BA, em 2008. Seguindo Ela “é preciso traçar estratégias para a inserção sócio-econômica dos afro-descendentes, principalmente as mulheres negras que estão na base da pirâmide social, encontros como estes possibilitam análises, reflexões, trocas de experiências sobre a atual condição das mulheres negras no Estado debatendo temas estratégicos na contemporaneidade”.

“AS MULHERES NEGRAS ESTÃO FICANDO SOZINHAS”

A Coordenadora Nacional do Fórum de Mulheres Negras – Ubiraci Matildes, que abordou o tema central do colóquio – O Lugar da Mulher Negra na Geopolítica. Foi muito aplaudida pelas mulheres quando salientou que “o negro que ascende socialmente, busca a mulher branca para casar e ser aceito na sociedade burguesa” citou como exemplos: os jogadores de futebol e os pagodeiros. Razão pela qual as mulheres negras estão ficando sozinhas. Ressaltou ainda a importância de trazer para os Estados e municípios a discussão da mulher negra. Para Ela a historiografia não conta a participação das mulheres negras na luta contra a ditadura militar, quando escondiam dirigentes políticos nos terreiros de candomblé, e nem na importância das quituteiras, lavadeiras, parteiras, curandeiras, entre outras. A sociedade precisa ser emancipada, o trabalho do homem sempre foi mais valorizado que o trabalho da mulher. Existe uma disparidade no nível intelectual entre negros (as) e brancos (as). Sendo assim, é necessário democratizar o saber científico, e isto se faz com ações afirmativas.

“A imagem da mulher negra e o modelo de sociedade atual” foi o tema central dos grupos de trabalho, com os temas: violência contra a mulher; juventude da mulher negra; a mulher negra e os espaços institucionais; a mulher negra e a educação no Brasil; a mulher negra e as religiões de matriz africana. As principais idéias e propostas farão parte do relatório final do Colóquio Estadual de Mulheres Negras, como estratégia de atuação das mulheres negras capixabas.

O evento foi encerrado com um café cultural nas dependências do CMEI “Darcy Vargas”. Para a Diretora do CMEI e da Coordenação de Educação e Cultura da UNEGRO-ES Maria da Penha Corrêa Frinhani, a escola tem desenvolvido vários projetos e busca a parceria com o Movimento Negro para por em prática a implementação da Lei. 10639/2003 que inclui nos currículos escolares das escolas públicas e privadas o ensino da história da África e Afro-Brasileira. Segundo Ela “é preciso refletir sobre a imagem da mulher negra nos livros didáticos, também é necessário buscar a afirmação da identidade da menina negra nos espaços institucionais”.

Wellington Barros, Coordenador de Comunicação e Imprensa UNEGRO-ES.