Abertura do G-20: Obama estará entre Lula e Hu Jintao
O encontro de cúpula do G-20 será aberto hoje com um jantar para os chefes de Estado e de governo do grupo no Conservatório Phipps e Jardim Botânico de Pittsburgh, nos Estados Unidos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá se sentar à direita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e à esquerda do americano estará o presidente da China, Hu Jintao.
Publicado 24/09/2009 15:23
A disposição dos lugares dos presidentes à mesa do jantar é feita segundo critério de tempo de exercício no cargo. O jantar começa às 20h30 (horário de Brasília) no Conservatório Phipps e Jardim Botânico da cidade. O encerramento está previsto para 22h30. Ainda hoje, Lula tem reunião com representantes sindicais e audiência com o diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Jr.
No mesmo horário, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem jantar com seus pares do G-20 em um anexo do mesmo conservatório. A disposição dos lugares que os ministros ocuparão no jantar replica a formação da mesa dos presidentes, com Mantega à direita do secretário do Tesouro, Timothy Geithner. Além de Mantega, estão presentes o assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci.
O G-20 promove a partir desta quinta-feira mais uma tentativa de estabelecer ações efetivas em conjunto para afastar a crise econômica e evitar novos abalos. Em Pittsburgh, nos Estados Unidos, a cúpula vai discutir formas de manter a economia aquecida sem a ajuda dos governos, uma possível regra para bonificações de banqueiros e a reforma de instituições multilaterais, além de seu próprio papel dentro de uma nova ordem mundial.
O encontro inclui os membros do G7, o clube dos principais países desenvolvidos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão), Austrália, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, México, Rússia, África do Sul, Turquia e a União Europeia (UE) – representada pelo país que ocupa a presidência rotativa, atualmente a Suécia. Espanha e Holanda assistem como convidados, além do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Paraísos
O grupo adquiriu importância em novembro do ano passado, quando seus chefes de Estado e de governo se reuniram em Washington, convidados então pelo presidente George W. Bush, para tratar da crise financeira mundial. Em abril, em Londres, uma nova cúpula adotou fortes compromissos em termos de planos de reativação, de aumento de recursos do FMI, de luta contra os paraísos fiscais e de regulação financeira.
Este último ponto é um dos que se anunciam mais controversos em Pittsburgh, dada a exigência dos países europeus em impor limites aos sistemas de gratificações dos operadores da bolsa e banqueiros, que esbarra nas reticências dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, lançou a iniciativa e obteve o apoio dos outros chefes de Estado, sobretudo depois que vários bancos que receberam dinheiro público para não falir continuaram a pagar bônus aos executivos. O objetivo dos líderes europeus é estabelecer um vínculo claro entre as gratificações e os resultados a longo prazo das entidades.
Déficits
A reunião que acontece nesta quinta e sexta-feira marcará também a estreia do presidente dos EUA, Barack Obama, como anfitrião de uma cúpula internacional, e representará para ele uma oportunidade de consolidar sua popularidade no exterior e seu carisma político em uma posição de autoridade global.
Obama já afirmou que pretende lutar para corrigir desequilíbrios econômicos mundiais, diminuindo o superávit de grandes países exportadores, como a China, e aumentando a poupança em nações muito endividadas, como os Estados Unidos. O presidente americano quer uma estrutura de "avaliação mútua", na qual o FMI faria recomendações ao G-20 a cada seis meses.
Na reunião, as partes vão debater a melhor forma de suspender as intervenções do governo e dos bancos centrais nos sistemas financeiros, mas sem fazer com que a economia se ressinta. Os membros do G-20 sabem que começarão a ter de lidar com os elevados déficits acumulados, além de encarar o peso da dívida assumida pelas nações ricas.
Reformas
A França propôs a criação de um imposto sobre todas as transações financeiras — conhecido como taxa Tobin —, cujas receitas de bilhões de dólares permitiriam manter o desenvolvimento econômico. A taxa leva este nome em homenagem ao Prêmio Nobel americano de economia, James Tobin, que foi o primeiro a sugerir sua criação nos anos 1970.
O Brasil e demais países “emergentes” devem pedir que sejam aceleradas as reformas do FMI e do Banco Mundial, instituições nas quais esperam ter maior representatividade. Segundo Mantega, desde a criação do fundo nos anos 1940 muitos países europeus perderam poder de decisão e importância na economia mundial. Essa capacidade teria de ser transferida aos países em desenvolvimento para que o organismo seja democratizado.
Para viabilizar essa transferência, as economias emergentes aumentarão suas contribuições à entidade. Em Pittsburgh, o Brasil assinará um acordo a partir do qual transferirá ao FMI US$ 10 bilhões de suas reservas internacionais em troca de bônus emitidos pelo fundo.
Voto no FMI
O G-20, que realiza sua terceira cúpula em menos de um ano, foi criado no final dos anos 1990 como um fórum dos principais países industrializados e “emergentes”, em resposta à crise russa e asiática. Segundo os fundadores, o grupo representa 90% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, 80% do comércio internacional (incluindo os intercâmbios dentro da UE) e dois terços da população mundial.
O G-20 também funciona como um fórum onde se examinam os temas do crescimento, o comércio e a energia, assim como assuntos monetários e orçamentos. No início, o grupo se limitava a realizar reuniões anuais de seus ministros das Finanças e diretores de bancos centrais, mas no ano passado ganhou importância com as discussões sobre a crise global.
A minuta da declaração final da cúpula do G-20 contempla que os países ricos transfiram "pelo menos" 5% de seu voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) às nações em desenvolvimento "dinâmicas", segundo o texto, ao qual a agência EFE teve acesso. A cessão de 5% era precisamente a proposta dos Estados Unidos, enquanto Brasil, China, Rússia e Índia tinham solicitado uma transferência de 7% do voto.
Com agências